segunda-feira, 8 de março de 2010

Stressores sociais

Índice:

Introdução ………………………………………………………….pág.3


Capitulo 1 – Conceitos de Stresses: Ocupacional, Térmico, de Aculturação e Social. A Sociologia da Saúde e o Stress.

1 – Stresses – definições -
1.1 – Stress………………………………………………………..pág.4
1.2 – Stress Ocupacional………………………………………….pág.5
1.3 – Stress Térmico………………………………………………pág.8
1.4 – Stress de Aculturação……………………………………….pág.9
1.5 – Stress Social………………………………………………...pág.9
1.6 – O Stress enquanto campo de estudo da Sociologia da Saúde…………………………………………………………………pág.12

Capítulo 2 – O Risco –
2.1 – A Teoria Cultural do Risco – Mary Douglas………………pág.14
2.2 – Ulrich Beck - Sociedade de Risco…………………………pág.15
2.3 – Anthony Giddens – Modernidade e Risco…………………pág.15

Capítulo 3 – Factores de risco –

3.1 – O ruído Ambiental…………………………………………pág.16
3.2 - Alterações climáticas………………………………………pág.20
3.3 – Trânsito e Acidentes rodoviários………………………….pág.22
3.4 – Alcoolismo………………………………………………. .pág.24
3.5 – Competição exacerbada…………………………………...pág.26
3.6 – Delinquência………………………………………………pág.27
3.7 – Tabagismo………………………………………………...pág.28
3.8 – Toxicodependência……………………………………….pág.30
3.9 – Solidão……………………………………………………pág.32
3.10 – Densidade populacional…………………………………pág.32
3.11 – Terrorismo………………………………………………pág.33
3.12 – Violência………………………………………………..pág.33
3.13 – Desemprego…………………………………………….pág.37
3.14 – Trabalho Precário………………………………………pág.38
3. 15 – O Envelhecimento……………………………………..pág.38
3.16 – A Morte…………………………………………………pág.43
3.17 – A Pobreza………………………………………………pág.45
3. 18 – Bairros Sociais…………………………………………pág.45



Capítulo 4 – Formas de Eliminar os Stressores Sociais –

4.1 – Formas de eliminar o Stress Ocupacional………….pág.46
4.2 – Formas de Eliminar o Stress……………………….pág.46


Conclusão …………………………………………………..Pág.57

Bibliografia

Pesquisa Electrónica








































Introdução –

Entende-se Stress como as combinações de sensações físicas, mentais e emocionais que resultam de aspectos nocivos e adversos das interacções com o meio, exigindo adaptação e/ou provocando tensão.
Conforme Range (2001), desde o século XVII, o termo Stress foi utilizado para descrever fenómenos de tensão, angústia e desconforto.
Drº Selye (1936) sugeriu o uso da palavra Stress para definir a Síndrome produzida por vários aspectos eversivos. Os trabalhos de Seley foram influenciados por dois fisiologistas: Bernard (1879) que defendia que o ambiente interno dos organismos deve permanecer em equilíbrio apesar das mudanças externas e Cannon (1939) que estudou o conceito de Homeostase , que significa o esforço dos processos fisiológicos na manutenção de um estado de equilíbrio interno no organismo. Sendo assim, Seley , define Stress como o desequilíbrio da Homeostase.


























Capítulo 1 – Conceitos de Stresses: Emocional , Ocupacional, Térmico e, de aculturação e Social.

1) Stresses – Definições -
1.1 - Stresse -
Quais são as causas mais comuns do stresse?
O stress pode manifestar-se por uma variedade de razões, incluindo acidente traumático, morte ou situação de emergência. Stress também pode ser efeito colateral de alguma doença grave.Há também o stress associado à vida quotidiana, ambiente de trabalho e responsabilidades familiares.
Como o Stress afecta a saúde?
Todas as pessoas têm stress. Temos Stress de curto prazo. Outras vezes encaramos stresse de longo prazo, como discriminação, doença incurável ou divórcio. Esses eventos stressantes também afectam a nossa saúde em muitos níveis. O stresse de longo prazo pode aumentar o nosso risco de contrair alguns problemas de saúde, como depressão.Tanto o stresse de curto quanto o de longo prazo podem ter efeitos sobre o nosso corpo. O Stresse dispara mudanças no organismo e aumenta a probabilidade de ficar doente. Ele também piora problemas de saúde já existentes. Stresse pode ter influência nos seguintes problemas:
· Dor de cabeça;
· Dificuldade em dormir;
· Constipação;
· Diarreia;
· Irritabilidade;
· Falta de energia;
· Falta de concentração;
· Comer demais ou não comer;
· Raiva;
· Tristeza;
· Maior risco de acessos de asma e artrite;
· Tensão;
· Cólica estomacal;
· Inchaço do estômago;
· Problemas de pele, como urticária;
· Depressão;
· Ansiedade;
· Ganho ou perda de peso;
· Problemas no coração;
· Pressão alta;
· Síndrome do intestino irritado;
· Diabetes;
· Dor nas costas e/ou pescoço;
· Menor apetite sexual;
· Dificuldade engravidar.
Na linha conceptual dos trabalhos de Cannon, Selye (1980; 1978) assume-se o stress como uma resposta do organismo à acção de estímulos adversos e nocivos, os quais denominamos de “stressores
- Stress - 3 níveis:
- Factores que causam;
- A nossa atitude e a forma de pensar;
- As nossas reacções ao Stress.

- Factores de Stress emocional:
- Coisas, acontecimentos, factos e exigências que se colocam e que podemos sentir como Stress, como por exemplo,a pressão do tempo, os conflitos, alterações no local de trabalho, trânsito, dependências…

- Origem emocional do Stresse –
As origens dos stresses estão no cérebro e na sobrecarga a que ele é submetido pelas diversas pressões da vida. Essa sobrecarga modifica várias reacções químicas muito complexas no cérebro. E é exactamente aí que entra a importância da Medicina Ortomolecular (é o ramo da ciência cujo objetivo primordial é restabelecer o equilíbrio químico do organismo).
1.2 - O Stress Ocupacional – causas e consequências – O Stress Ocupacional é o conjunto de reacções emocionais, cognitivas, comportamentais e fisiológicas relacionadas com os aspectos adversos e nocivos do conteúdo e organização do trabalho.
- Causas do Stress ocupacional:
- Insuficiência de estímulo (exemplo: actividades monótonas);
- Excesso de estímulo (exemplo: actividade que exija uma atenção excessiva);
- Fontes de Stress ocupacional: física, química, biológica, mecânica, psicológica e sociológica.



- Três níveis de Stress ocupacional:
-Stress saudável ou eustress – motivação suscitada pelos desafios profissionais e por uma actividade produtiva e propiciadora de realização;
- Stress disfuncional ou distress – não cumprimento das exigências da tarefa (insatisfação, cansaço, doenças…);
-Esgotamento ou burnout – total exaustão física, mental e emocional, condicionada pelas tarefas mais elementares do quotidiano (estado de depressão e de fadiga grave).

- Alguns stressores (fontes de Stress ocupacional) mais comuns:
- Falta de apoio;
- Excesso ou falta de trabalho;
- Tempo insuficiente para fazer bem o trabalho;
- Risco de perder o emprego;
- Discriminação e intimidação.

- Principais fontes de risco:
- Cultura organizacional (falta comunicação, falta apoio, e desrespeito mútuo);
- Exigências (carga de trabalho e o ambiente físico adverso);
- Falta de Controlo;
- Relacionamento no trabalho (situações de assédio moral e sexual e risco de violência física ou verbal);
- Mudança – falta de participação nos processos de inovação/mudança;
- Ambiguidade – exigências do trabalho geradoras de conflitos e falta de clareza dos objectivos e expectativas;
- Formação – dificuldade na aquisição de competências e falta de apoio da Gestão a este nível.
Os ambientes de trabalho estão a atravessar mudanças significativas devido à aplicação de novas tecnologias, materiais e processos de trabalho. As alterações ao nível da concepção, organização e gestão do trabalho podem criar novas áreas de risco susceptíveis de gerar um maior nível de stress e, em última análise, originar uma grave deterioração da saúde mental e física. Segundo um novo relatório da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, os principais riscos psicossociais estão relacionados com novas formas de contratos de trabalho, insegurança no emprego, intensificação do trabalho, exigências emocionais elevadas, violência no trabalho e difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada. Jukka Takala, Director da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA) afirmou o seguinte:
“A vida profissional na Europa está a mudar a um ritmo cada vez mais acelerado. A insegurança no emprego, a necessidade de ter vários empregos e a intensificação do trabalho podem gerar stress profissional e colocar em risco a saúde dos trabalhadores. É necessário monitorizar e melhorar constantemente os ambientes de trabalho a nível psicossocial a fim de criar empregos de qualidade e assegurar o bem-estar dos trabalhadores”.
O stress profissional é um dos maiores desafios que a Europa enfrenta no domínio da segurança e saúde no trabalho (SST), prevendo-se o aumento do número de pessoas afectadas por doenças relacionadas com stress provocadas ou agravadas pelo trabalho. O stress é o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais comum na Europa, afectando 22% dos trabalhadores da UE (2005). Estudos indicam que entre 50% e 60% dos dias de trabalho perdidos estão relacionados com este fenómeno. Em 2002, o custo económico anual do stress profissional na UE 15 foi estimado em 20 000 milhões de euros.
Os riscos psicossociais emergentes, analisados numa previsão de peritos, são apresentados num novo relatório, o terceiro de uma série dedicada a novos riscos e a riscos emergentes, elaborado pelo Observatório Europeu dos Riscos (EU-OSHA).
Também o trabalho precário coloca em risco a saúde dos trabalhadores. Em termos gerais, o trabalho precário define-se como o emprego mal remunerado e de baixa qualidade, com poucas oportunidades de formação e de progressão na carreira. Os trabalhadores com contratos precários tendem a efectuar os trabalhos mais perigosos, trabalham em piores condições e recebem menos formação em matéria de segurança e saúde no trabalho. Trabalhar em condições instáveis pode gerar insegurança no emprego, o que, por sua vez, agrava significativamente o stress profissional.
A intensificação do trabalho causa problemas de saúde com a imposição de prazos rigorosos e o aumento do ritmo de trabalho, são cada vez mais os trabalhadores da UE que têm de fazer face a maiores volumes de trabalho e a maior pressão no emprego. A redução dos locais de trabalho, a quantidade crescente de informação a tratar devido às novas tecnologias de comunicação e o aumento das exigências impostas a um menor número de trabalhadores também podem levar a um aumento do stress profissional.
A violência e a intimidação colocam em risco os trabalhadores. Este no local de trabalho suscita cada vez mais preocupações, embora afecte todas as profissões e sectores de actividade, é mais comum nos sectores da saúde e dos serviços, podendo levar a perda de auto-estima, ansiedade, depressão e até mesmo ao suicídio.
A difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada afecta as famíliasOs grandes volumes de trabalho e os horários de trabalho inflexíveis dificultam ainda mais esta conciliação, sobretudo para as mulheres que, muitas vezes, são acumulam a actividade profissional e as tarefas domésticas. Esta situação pode causar stress e ter outros efeitos negativos sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente quando estes não têm possibilidade de ajustar as condições de trabalho às suas necessidades pessoais. Mais de 40% dos trabalhadores da UE 27 com longos horários de trabalho afirmaram estar insatisfeitos com a conciliação entre a vida profissional e a vida privada.
Em Abril de 2008, terá lugar, em Bruxelas, um workshop onde serão discutidas e consolidadas as conclusões do estudo, bem como exploradas formas práticas de dar resposta aos riscos psicossociais. Este workshop reunirá especialistas em SST, decisores políticos da UE e representantes dos empregadores e dos trabalhadores.
Além disso, a EU-OSHA está a planear a realização de um estudo previsional em grande escala destinado a monitorizar as alterações ocorridas na sociedade e nos locais de trabalho que geram riscos emergentes relacionados com a SST. Em 2009, a EU-OSHA pretende ainda lançar um estudo sobre as empresas nos 27 Estados Membros da UE para saber de que modo as organizações dos sectores público e privado lidam com os riscos psicossociais e como é que as empresas podem ser ajudadas a gerir estes complexos riscos profissionais de forma mais eficaz.

1.3 - Stress térmico – desequilíbrio na troca térmica normal. Pode ser provocado por:
-Aumento do metabolismo (energia total desenvolvida);
-Aumento da temperatura do ar;
-Aumento da temperatura radiante;
-Modificação da velocidade do ar, ou seja, quando a temperatura do ar é superior à temperatura cutânea média;
-Aumento da humidade do ar.


- Efeitos do calor sobre o Homem:
- Psicológicos – Á medida que o nível de stress térmico se eleva acima da zona de controlo, aparecem estados sucessivos de mal-estar psicológico que vão desde a sensação de estar incomodado a uma redução apreciável do rendimento de tarefas que exigem destreza manual (habilidade de mãos);
- Psicofisiológicos – clara diminuição da capacidade de trabalhar com mal-estar, sobrecarga do coração e do aparelho circulatório e desequilíbrio de água e sais do organismo;
- Patológicos (doenças e modificações orgânicas por elas provocadas):
-Golpe de calor (cansaço pelo calor ou pelo frio) e esgotamento;
-Erupção da pele, Anidrose (diminuição ou falta de sudação), deficiência congénita das glândulas sudoríporas (segregam o suor), queimaduras do sol e fadiga térmica.

1.4 - Stress de aculturação:

Os contactos entre membros da mesma sociedade ou de sociedades diferentes são afectados pelas características visíveis que distinguem grupos culturais tais como a língua ou a religião.
O Stress de aculturação cuja origem está no próprio processo de aculturação, manifestando-se por problemas de saúde mental (confusão, depressão, angústia, etc), sentimentos de marginalidade e de alienação, aumento do nível de sintomas psicossomáticos e dificuldades de identificação.
Pode influenciar também: o conhecimento prévio de nova língua e cultura, prévios encontros interculturais de qualquer espécie e motivações para o contacto, bem como os valores, a auto-estima, a identidade e o estilo cognitivo.

1.5 - Stress Social –

Realidade social que consiste em duas esferas distintas: o público e o privado. Na arena pública, nós temos que viver de acordo com as regras explícitas governadas pela lei e pelo estabelecido. Entretanto, a arena pública é governada também pela área confidencial ou privada.
Basicamente não temos muitas escolhas. Estes fatos conduzirão, o mais certamente ao stress social em muitos povos.

- Stressores sociais e sistema imunitário –
Os Stressores sociais podem substancialmente alterar as hormonas chave do stress, incluindo as catecolaminas e o cortisol, e estas hormonas têm efeitos de destaque na imunosupressão (Glaser e Kiecolt-Glaser, 1994), nomeadamente pela elevação entre outras da produção de citoquinas pro-inflamatórias (e.g., serum interleukina 6/ IL-6) (Maes et al., 1999).
Apoiando-se nesta base explicativa, algumas evidências reportam que o stress é impeditivo da resposta imunológica às infecções amplificando o risco de contágio e de episódios de doença prolongados, provocando ainda e, para além disso, atraso no processo de cicatrização de feridas e aumento do risco de infecções (Rojas, Padjett, Sheridan e Marucha, 2002).
Se as relações íntimas estão associadas a uma melhor função imunológica (Kiecolt-Glaser e Newton, 2001; Uchino et al., 1996), aquelas que são cronicamente conflituosas ou stressantes poderão provocar depressão ou emoções negativas, que por sua vez inflacionam a desregulação persistente da função imunológica e endócrina, como acabamos de perceber. Lovallo (1997) explica como o stress decorrente de acontecimentos traumáticos poderá ter um elevado impacto na actividade do sistema nervoso central.
- Stressores sociais e hipertensão –
. De fato, factores como o status socioeconómico (Costa, 1983; Krantz, 2002), as experiências positivas vs. negativas na vida do indivíduo (Theorell & Emlund, 1993), baixos níveis de controle social (Bosma & cols. 1997; Karasek & Theorell, 1990), ou baixos níveis de apoio social (Knox, 1993; Krantz, 2002) aparecem directamente relacionados com a incidência da hipertensão.
Cabe ressaltar, ainda, a importância dessas variáveis sociais na infância,
como preditores directos dos padrões emocionais psicofisiológicos
que apresentará o adulto (Fowles, 1980; Kalimo & Vuori, 1993; Knox,
1993; Larsen & Ketelaar, 1991; Polanky, Gaudin, Amons & Davis,
1985; Raine, 1988; Theorell & Emlund, 1993; Whiting & Whiting,
1975). De forma indirecta, as variáveis sociais na infância influenciam
no desenvolvimento de padrões de personalidade ligados ao estresse
mental associado à hipertensão (De Oliveira, 2000).
Ainda que teoricamente se ressalte a importância dos fatores sociais no desenvolvimento de patologias fisiológicas, nos poucos estudos rigorosos, os autores, tipicamente, costumam concentrar-se em apenas uma ou duas características sociais que incidem no desenvolvimento da hipertensão crônica, como falta de apoio social e violência (Linden, Chambers, Maurice & Lenz, 1993), nível econômico baixo (Kalino & Vuori, 1993), cultura de pobreza (Anderson, McNeilly & Myers, 1991), ou características sócio familiares no período da infância (Erickson, Egeland & Pianta, 1989;
Peisner, 1989).
Estudos realizados por Dressler e Santos (2000), na realidade brasileira, reflectem a importância da estrutura sociocultural concreta e o estilo de vida almejado culturalmente sobre a pressão arterial. Nesse sentido, os autores propõem um modelo, denominado consonância cultural, que tenta equilibrar a importância
Conferida à percepção do indivíduo em relação ao stresse e o
contexto sociocultural onde este stresse se manifesta,
enfatizando as formas de afrontamento desenvolvidas pela
pessoa e os modelos culturais de vida que compartilha. O estilo
de vida, na medida em que se aproxima do ideal almejado e
compartilhado socialmente, torna-se um mediador fundamental
entre as variáveis biológicas, individuais, contextuais e os níveis
de saúde do indivíduo. Os dados revelam que quanto maior a
consonância cultural que tem o indivíduo, menores os seus níveis
de pressão sanguínea (Dressler, Balieiro & Santos, 2001).
No caso da pressão arterial, o modelo de consonância cultural
explica quase 10% das diferenças entre indivíduos, demonstrando
que o estilo de vida, quanto mais próximo ao ideal cultural, melhor
será enquanto mediador entre saúde e variáveis socioeconómicas,
tornando-se independente, inclusive, de status socioeconómico, dieta
e variáveis psicossociais (Dressler, Balieiro & Santos, 1998).
Baseados nestes aspectos, realizamos uma pesquisa exploratória,
com enfoque global e interdisciplinar, incluindo uma ampla gama de
variáveis constitucionais e, especialmente, sociais, económicas e
culturais de uma comunidade que apresenta graves stressores socioeconómicos.
As características socioeconómicas e culturais, tais como o nível socioeconómico, características da família na infância do sujeito, número de filhos e situação sócio-laboral, estão significativamente relacionadas com os níveis de pressão arterial em comunidades carentes e a
relação entre as características socioculturais e a pressão arterial
é mais relevante em comunidades com maiores stressores sociais.
As variáveis sociais são melhor reflectidas na pressão diastólica do
que na sistólica, apoiando outros estudos que indicam a pressão
diastólica como mais influenciada por factores sócio-emocionais
(Kalimo & Vuori, 1993; Knox, 1993). Uma excreção, neste estudo,
é quanto ao tipo de actividade laboral. A maior pressão sistólica
aparece nas pessoas de população passiva comparada com as
de população activa. Isso não só se refere aos aposentados, mas
também às donas de casa. A sensação expressada por estas
últimas, de estarem fechadas em casa, de não poderem controlar
e transformar certos aspectos de sua realidade, poderia estar relacionada com o desenvolvimento da hipertensão.
Assim através de resultados quantitativos, temos uma descrição da pessoa de pressão arterial mais alta que se apercebe da sua situação económica que piora com a idade, talvez configurando um processo de marginalização. Além disso, identificou-se uma pessoa que passa mais tempo em casa, dedicando-se aos trabalhos domésticos, possivelmente responsável por um elevado numero de filhos (as), o que poderia, igualmente, contribuir para uma sensação de falta de controle sobre o seu destino e consequente impotência em mudar para algo melhor.
Os resultados qualitativos sobre perguntas abertas e estudo de casos proporcionam-nos uma visão mais profunda acerca dos sentimentos das pessoas hipertensas.
Em geral, uma das manifestações mais recorrentes dos hipertensos, em comparação com os não hipertensos, é a ausência de problemas, o que eles expressam superficialmente, e a falta de planos ou expectativas para o futuro.
Dessa forma, hipertensão poderia estar associada a factores sociais que predispõem a uma diminuição crónica da actividade do sistema nervoso parassimpático (como por exemplo, a diminuição de fontes de apoio social e status social) e a um aumento da activação crónica do sistema nervoso simpático (como por exemplo, a falta de controle sobre o entorno social e o próprio corpo).
É de salientar, que a divisão simpática excita e gasta energia e a divisão parassimpática inibe e conserva energia, permitindo manter a actividade de rotina.
No momento de o profissional da saúde intervir para prevenir a incidência da hipertensão, várias são as recomendações:
1) Fomentar a concepção do corpo como activo e mostrar as possibilidades de ter uma relação construtiva, positiva, livre, e espontânea com ele. Sempre evitar ter uma atitude paternalista e hierárquica geradora de dependência, e sim de cooperação.
2) Fomentar a participação dos cidadãos em associações ou grupos
comunitários. Animar o cidadão a sair periodicamente de seu ambiente
mais imediato para obter uma visão mais fidedigna de seu meio.
3) Fomentar a interpelação positiva e construtiva da pessoa
com seu ambiente ecológico, entendendo, aqui, ecologia como
o ecossistema social e ambiental.
Bronfenbrenner (1996) mostrar a importância de ter uma relação
equilibrada, saudável, livre e espontânea com seu meio ambiente social.

1.6 - O Stresse enquanto campo de estudo da Sociologia da Saúde :
À Sociologia da Saúde interessa saber quais, e de que forma, as condições sociais influenciam os estados de saúde ou doença das pessoas.
As pesquisas no âmbito da Sociologia da Saúde fizeram emergir algumas
evidências que hoje são largamente conhecidas e aceites pelo público em geral, como a associação entre baixo estatuto socioeconómico e menor esperança de vida e índices de mortalidade mais elevados, incluindo mortalidade infantil e perinatal (Link e Phelan, 1995).
É igualmente conhecida a associação entre sexo e doenças, como é o caso da maior incidência da depressão em mulheres (Brown e Harris, 1989) e do enfarte de miocárdio em homens (Fontaine e col., 1998).
A Investigação na área da Sociologia da Saúde tem também evidenciado a relação inversa entre classe social e doenças mentais (Aneshensel, 1992).
Ao longo de todo o século XX, os estudos epidemiológicos têm revelado
existir uma relação inversa entre estatuto socioeconómico e uma variedade de problemas e perturbações psiquiátricas, tais como esquizofrenia, distúrbio de pânico, fobias, distúrbio de personalidade anti-social, alcoolismo e índices gerais de psicopatologia (Khon e col., 1998; Aneshensel, 1992; Dohrenwend e col., 1992).
- Causalidade social versus selecção social –
A perspectiva de causalidade social defende que os grupos de baixo
estatuto social manifestam índices mais elevados de perturbação porque, por um lado, enfrentam condições de vida mais difíceis e, por outro, têm menos acesso a recursos sociais, económicos e pessoais (Aneshensel, 1992). As dificuldades associadas ao seu estatuto social limitam a sua mobilidade social fazendo-os experimentar maior adversidade na prossecução dos seus objectivos, donde é de esperar apresentarem índices de psicopatologia mais elevados (Dohrenwend e col., 1992). Esta é uma perspectiva que fundamentalmente destaca as condições ambientais (Dohrenwend e col., 1998) e aquela onde podemos situar os estudos
pioneiros de Brown e Harris sobre a origem social da depressão em mulheres (Brown e Harris, 1989).
A abordagem da selecção social postula que as pessoas com problemas
psicológicos estão mais sujeitas à mobilidade descendente, ou seja, tendem a descer de estatuto socioeconómico ou a não conseguir ascender a estatutos socioeconómicos mais altos (Dohrenwend e col., 1992). Giddens (2000, p. 325), ao referir-se à mobilidade descendente, afirma que “este tipo de mobilidade está muitas vezes associado a problemas psicológicos e a ansiedades, dado os indivíduos deixarem de ser capazes de manter o estilo de vida a que estavam habituados”. Esta abordagem é defendida por teóricos que valorizam mais as predisposições genéticas (Dohrenwend e col., 1998).
O confronto entre as hipóteses da causalidade social e da selecção social
equivale, num discurso mais coloquial, a questionar o que vem primeiro: as
circunstâncias sociais ou os condicionalismos da saúde? Procurar a resposta a esta questão pode implicar uma opção doutrinal entre, respectivamente, uma abordagem sociológica e uma outra de tradição biológica. A primeira advogará que a doença é causada por condições ambientais, enquanto que a segunda defenderá que é a doença que determina o posicionamento no sistema de estratificação social.
Do ponto de vista da investigação, a questão parece estar ainda em
aberto, existindo suporte empírico não só para as duas hipóteses, ainda que mais forte para a causalidade social (Aneshensel, 1992; Turner, Wheaton, Lloyd, 1995), como inclusivamente para a integração de ambas (Dohrenwend e col., 1998; Dohrenwend, 2000).
Estudos longitudinais com grupos de crianças, bem como estudos em
contextos de desemprego, de diferenças populacionais e de diferenças
geográficas, fazem supor que a direcção causal se situa do ambiente social para a doença (Marmot, 1999). Em termos de saúde mental, a evidência empírica tem sugerido fortemente que as condições ambientais podem, de facto, causar problemas psicológicos, como por exemplo: distúrbio de stresse pós-traumático, depressão grave, alcoolismo, abuso de substâncias, distúrbio de personalidade anti-social e sintomatologia não específica (Dohrenwend e col., 1992; Dohrenwend e col., 1998; Dohrenwend, 2000).
Apesar de um suporte empírico mais robusto, e de uma maior proximidade conceptual com a teoria da Sociologia da Saúde, a hipótese da causalidade social não pode ser considerada unicamente. Com efeito, a hipótese da selecção social tem também sido suportada pela investigação, ainda que
circunscrita a determinadas doenças, como no caso da esquizofrenia, que se
julga ter uma base biológica (Dohrenwend, 2000; Dohrenwend e col., 1998; Dohrenwend e col., 1992).
O debate acerca da causalidade/selecção faz lembrar aquele outro mais
antigo relativo ao inato/adquirido ou natural/aprendido.

Capítulo 2 – O Risco -

2.1 - A Teoria Cultural do Risco – (Mary Douglas) –
- Perspectiva Cultural /Simbólica – o modo como os indivíduos percepcionam, reconhecem e respondem ao risco depende da inculturação recebida em diferentes subculturas e instituições sociais (Pinto, Clara Cristina, 2006).
A aceitação do risco depende dos padrões aceites do nível de vida e da moral nas sociedades e é a cultura que determina esses padrões (Douglas 1986, Douglas, Wildovsky, 1983).
Douglas e Wildousky (1983) desenvolveram um modelo de análise das respostas das comunidades e organizações ao risco denominado Modelo Grelha (Grid) – Grupo – o vector Grupo diz respeito ao grau de ethos grupal (solidariedade) existente (Fox, 1999, ; Lupton, 1999).
As organizações ou comunidades que possuem sentido de grupo elevado e grelha elevada são estruturadas e hierárquicas, nas quais predominam a conformidade às normas, a confiança nas instituições e na sua capacidade de avaliar e gerir os riscos colectivamente.


2.2- Ulrich Beck e a Sociedade de risco –
De acordo com Ulrich Beck (“ Sociedade de risco, no caminho para uma nova modernidade”) risco é a compreensão do modelo de mudança social. Esta, compreende 3 fases:
1 ª Fase – Época pré – moderna;
2 ª Fase – Modernidade – Sociedade industrial clássica;
3 ª Fase – Modernidade reflexiva – Sociedade de risco –
Nesta última fase permanece ainda uma sociedade pré – industrial, porque de acordo com Ulrich Beck a Humanidade ainda vive no início de uma nova modernidade.
Os riscos na sociedade de risco focalizam-se nas esferas públicas e privadas: a lógica da produção dos riscos que ultrapassa a lógica da produção da riqueza (Beck, 1998, Franklin, 1998).
Nas consequências da implementação da tecnologia moderna Beck defende que a susceptibilidade dos cidadãos ao risco transformou-se na mais importante divisão social, mais do que as classes sociais e a produção de riqueza. Assim sendo, a produção de riscos originada pelos desenvolvimentos técnicos/científicos e económicos põem em causa a modernidade na segurança. É a chamada modernização reflexiva.
Nas sociedades de risco as principais preocupações consistem na ansiedade e medo, em sequência dos riscos criados pela tecnologia.
A ligação ao saber significa que quantos mais sabemos, mais riscos criamos (Luhman, 1993:28).
Os novos riscos da Ciências modernas são globais e locais, supranacionais e que não ameaçam classes sociais específicas.
A sociedade de riscos gravita em torno da distribuição de bens e serviços:
- Rendimentos (salários);
- Emprego;
- Segurança social.

2.3 - Anthony Giddens e a modernidade e o risco – considera que a modernidade refere-se a modos de vida e de organização social que surgiram na Europa, no século XVII e que adquiriram uma subsequente influência universal.
A partir do século XX entramos num período a que Giddens chama de modernidade tardia (período de civilização). É o período da cultura de risco.
Exemplos mais recentes desses riscos:
- Catástrofes ecológicas;
- Catástrofes económicas de crise mundial;
- Terrorismos;
- Movimentos políticos totalitários;
- Abusos de manipulação genética, etc.
O dinamismo da modernidade caracteriza-se:
- Pela comunicação global;
- Descontextualização das instituições sociais possível através de sistemas abstractos como por exemplo o dinheiro, os conhecimentos técnicos ou de especialidades profissionais e suas respectivas validades.
Quanto à reflexividade esta consiste fundamentalmente nos governos, na indústria e na Ciência, como principais geradores de risco.
Ressalta desta ideia que a pós-modernidade traz o fim das grandes narrativas da História, ou seja, o desaparecimento da tecnologia da História (Giddens, 1998).
Na resolução da ansiedade nos cidadãos terá importância a “ Segurança Ontológica” (Giddens, 1997) o que significa ter resposta para questões existenciais fundamentais que a cada um se coloca (Giddens, 1997: 44).

3 – Factores de risco –

3.1 – O ruído ambiental –

O ruído pode ser definido como um som indesejável, que constitui uma causa de incómodo, um obstáculo à concentração e à comunicação.A capacidade auditiva humana apresenta valores diversos, mas em média pode-se afirmar que o ouvido capta sons desde 20Hz até aos 20 KHz, existindo uma gama de valores onde a sensibilidade auditiva é mais evidente: 500Hz e 6000Hz.










Instituto do ambiente

Segundo o II inquérito Nacional ‘Os Portugueses e o Ambiente’ realizado a 2000 inquiridos, as principais variáveis com tendências a agravamento nos próximos 10/15 anos serão: trânsito (78%), qualidade do ar (70%) e ruído (66%).
Neste âmbito, o ruído torna-se uma variável ambiental que requer toda a atenção, dada a sua importância nos mais diversos aspectos, nomeadamente associados à saúde humana e bem-estar.
A nível global, o ruído encontra-se presente em diversas formas, sendo as principais:
• Tráfego (sobretudo estradas movimentadas, aeroportos, comboios);
• Indústria (fábricas, actividades comerciais e serviços, tais como ar condicionados, câmaras frigorificas, actividades de carga/descarga).
• Actividades ruidosas (feiras, festas, discotecas, estaleiros).
• Ruído provocado pelas pessoas e animais em zonas residenciais (bater portas, chorar de bebés, ladrar de cães, música).
• Causas naturais (trovoadas, vento).
- Principais riscos que o ruído ambiental apresenta:
· Efeitos quantificáveis e mensuráveis e cuja ocorrência é facilmente notada: perda auditiva, diminuição de inteligibilidade dos sinais sonoros.
· Efeitos de carácter subjectivo: incomodidade, irritabilidade, redução da capacidade de concentração, aumento da probabilidade da ocorrência de acidentes, redução da produtividade e rendimento, fadiga anormal, tensão psíquica.
· Efeitos fisiológicos não auditivos: alterações de metabolismo, problemas cardiovasculares, problemas do foro gastrointestinal, alterações químicas do sangue e urina, alteração da respiração, insónias.
- O Decreto-lei nº 292/2000 (14 de Novembro) considera o seguinte:
a. As zonas sensíveis não podem ficar expostas a um nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, LAeq, do ruído ambiente exterior, superior a 55 dB(A) no período diurno e 45 dB(A) no período nocturno;
b. As zonas mistas não podem ficar expostas a um nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, LAeq, do ruído ambiente exterior, superior a 65 dB(A) no período diurno e 55 dB(A) no período nocturno.
c. As actividades ruidosas susceptíveis de causar incomodidade, podem ser submetidas ao regime de avaliação de impacte ambiental ou a um regime de parecer prévio, como formalidades essenciais dos respectivos procedimentos de licenciamento, autorização ou aprovação, nos termos do artigo 5.º, a licença especial de ruído, nos termos do artigo 9.º, ou ainda ser sujeitas a especiais medidas cautelares.
d. As câmaras municipais devem promover a elaboração de mapas de ruído, de forma a enquadrar a preparação dos respectivos instrumentos de ordenamento do território.
- Efeitos do ruído em trabalhadores expostos:
- Fisiológicos:
-Surdez;
-Distúrbios gastrointestinais;
-Distúrbios no sistema nervoso central (dificuldade em falar, problemas sensoriais, diminuição da memória),
-Elevação da pressão arterial;
-Dilatação da pupila;
-Aumento da produção hormonal da tiróide;
-Baixa da barreira imunológica do organismo;
-Dores de cabeça.
- Psicológicos:
-Irritabilidade;
-Apatia;
-Mau humor;
-Medo;
-Insónias.
-Efeitos sociais:
-Baixa produtividade;
- Aumento da ocorrência de acidentes;
-Aumento dos conflitos laborais;
-Aumento das queixas individuais.
É de salientar em relação ao ruído que:
- As perturbações psicológicas e fisiológicas derivadas do ruído estão associadas a reacções de Stress e cansaço. Um traumatismo sonoro é uma lesão irreversível. O ruído interfere com as comunicações e provoca perturbações no sono, na capacidade de concentração e hipertensão arterial. As lesões no ouvido interno provocam a fadiga celular.
15% da população sofre de efeitos do ruído. A perda da capacidade auditiva representa 1/3 do total das Doenças Profissionais.
- Dose de ruído – nível sonoro contínuo equivalente ponderado (A) a que o trabalhador está sujeito durante um período de referência, normalmente 8 horas/diárias ou 40 horas /semanais.
- Decreto-lei nº 182/2006 de 6/9 – lei actualizada revoga o decreto regulamentar 9/90:
- Valor limite de exposição – 87 db (A), sendo o valor de pico 140 (c);
- Valores de acção superiores – 85 db (A), sendo o valor de pico de 137 db (c);
- Valores de acção inferiores – 80 db (A), sendo o valor de pico – 135 db (C).
Valor limite de exposição – é tido em conta a atenuação do ruído proporcionada pelos protectores auditivos.
Valores de acção – não são tidos em conta os efeitos de correntes da utilização dos protectores auditivos.
-Vigilância da Saúde – o empregador assegura ao trabalhador, que tenha estado exposto ao ruído acima dos valores de acção inferiores a realização de exames audiométricos de 2 em 2 anos.
- Programa de Preservação da Audição (PPA):
-Acompanhamento clínico dos trabalhadores (acima dos 90 db – anual, e superior a 85db de 3 em 3 anos), através de exames audiométricos.
- Programa de controlo de ruído (medidas organizacionais, construtivas ou de Engenharia e medidas de protecção individual, como utilização de tampões e auscultadores);
-Acção de formação e sensibilização dos trabalhadores.
- Algumas considerações quanto ao ruído ocupacional:
- As medidas organizacionais incluem o trabalho por turnos e a rotação periódica do pessoal exposto.
- As medidas estruturais incluem a instalação de portas acústicas; olear os equipamentos; materiais absorsores nos pavimentos, paredes e tectos; diminuição da velocidade dos ventiladores e o isolamento das fontes do ruído.
- A Industria Transformadora da madeira está no topo da lista de indústrias mais ruidosas, onde se regista os níveis de ruído superiores a 90dB.

Medidas de carácter específico para redução do ruído na fonte:
- Utilizar máquinas, aparelhos, ferramentas e instalações pouco ruidosas;
- Aplicar silenciadores e atenuadores sonoros
- Utilizar chumaceiras, engrenagens e estruturas com menor emissão de ruído;
- Evitar valores elevados, como os que aparecem, por exemplo, nos choques muito fortes ou frequentes, quedas em altura ou fortes resistências aerodinâmicas;
- Assegurar o dimensionamento correcto das máquinas, acabamentos à máquina e uma escolha correcta dos materiais; - Promover regularmente a manutenção dos equipamentos.
3.2 – Alterações climáticas –
A mudança climática global, verificada no século XX e intensificada nas últimas décadas, constitui uma ameaça sobre o homem e a natureza. As alterações climáticas podem ter causas naturais (variações lentas na luminosidade do Sol ou nos parâmetros que definem a órbita da Terra em torno do Sol) e/ou antropogénicas (devido principalmente às alterações na composição da atmosfera). As alterações da atmosfera tem sido alterada pela emissão directa de gases com efeito de estufa (GEE), assim como por perturbações nas características físicas, químicas e ecológicas do sistema terrestre, embora as estimativas das emissões relacionadas com estas perturbações (nomeadamente pela queima da biomassa) sejam mais difíceis de contabilizar que as emissões directas de gases para a atmosfera.
O efeito de estufa é um processo natural, sendo responsável pela elevação da temperatura na Terra que não seria possível na ausência de GEE . Os GEE, presentes na atmosfera, criam uma espécie de estufa, permitindo a entrada de radiação solar mas absorvendo parte da radiação infravermelha (calor) irradiada pela superfície terrestre.
Os GEE são gases que absorvem e emitem radiação infravermelha. Para que a temperatura média global na troposfera seja relativamente estável no tempo, é necessário que haja equilíbrio entre radiação solar incidente absorvida e radiação solar irradiada sob a forma de radiação infravermelha (calor).
Os GEE mais importantes são o CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), HFCs (hidrofluorcarbonetos), PFCs (perfluorcarbonetos), SF6 (hexafluoreto de enxofre) e ozono (troposférico). A queima de combustíveis fósseis (como o carvão e o petróleo) (responsáveis por cerca de 75% das emissões antropogénicas de CO2 para a atmosfera), fogos florestais, alterações no uso do solo, transportes e deposição em aterro são algumas das fontes antropogénicas de GEE.
As florestas, solo e oceanos representam sumidouros de carbono na medida em que permitem a sua retenção. Apenas as florestas e o solo, este último em muito menor escala, têm capacidade de trocar o carbono activamente com a atmosfera, sendo por isso considerados os mais importantes. No entanto, a destruição das florestas naturais e a libertação de grandes quantidades de CO2 têm levado a que a fixação deste gás pelos sumidouros não seja suficiente para compensar o que é libertado, tendo-se vindo a intensificar a sua concentração na atmosfera. Desde 1750, a concentração atmosférica de CO2 aumentou 31% enquanto que a de CH4 aumentou em 151%.
A temperatura média global da atmosfera à superfície aumentou durante o século XX em 0.6ºC +/- 0.2ºC, tendo ocorrido a maior parte do aquecimento durante dois períodos: de 1910 a 1945 e de 1976 a 2000, representando a década de 1990 e o ano de 1998 a década e o ano mais quentes do século. Este aquecimento tem acompanhado a fusão de glaciares sobre os mares (tendo já provocado nos últimos 50 anos uma subida de 10 a 20 cm do NMM – nível médio do mar) e lagos. A cobertura de neve mundial regrediu 10% desde o fim dos anos 60 e a espessura do Árctico cerca de 40%.
A frequência de condições extremas no Inverno com mais tempestades e inundações nos países do Norte e períodos de seca com incêndios florestais nos países do Sul tem aumentado, tendo-se também verificado um aumento da severidade de cancros em choupos, facilitado pelo decréscimo de humidade na casca dos mesmos.

3.3– Trânsito e acidentes rodoviários –
Poderemos definir genericamente acidente como uma situação que é caracterizada pela falta de intenção e pela imprevisibilidade da sua ocorrência (Green, 1996).
Este conceito está associados a um risco que traduz sempre uma incerteza e tem por detrás um determinado perigo ou ameaça. O risco é sempre uma construção social: é risco tudo aquilo que uma sociedade determina como sendo risco.
As causas mais frequentes dos acidentes rodoviários são:
- Conduzir sob o efeito do álcool;
- Excesso de velocidade;
- Seguir o veículo da frente muito de perto;
- Conduzir fatigado;
- Conduzir sob o efeito de drogas e tomar medicamentos;
- Más condições climatéricas;
- Mau estado das estradas;
- Travões com defeito;
- Iluminação deficiente;
- Direcção com defeito;
- Pneus em mau estado;
- Má sinalização.
Morrem perto de 1,22 milhões de pessoas por ano em acidentes rodoviários reduzindo a esperança média de vida das populações em 30 anos. Em 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde, a sinistralidade rodoviária será a 3.ª causa de morte, ultrapassando flagelos como a guerra e a SIDA.
Prevê ainda este estudo (da OMS) que os acidentes venham a alcançar a terceira posição em 2020, logo a seguir às doenças coronárias e às depressões graves, podendo constatar-se também, a título de curiosidade, que a SIDA cairá, por esta altura, para o décimo lugar entre os flagelos mais mortais.
Se focarmos o estudo no sexo masculino, com uma idade situada entre os 15 e os 44 anos, não será necessário esperar 17 anos para que os acidentes de automóvel assumam o terceiro lugar nas causas de morte: com este perfil, estes já ocupam a segunda posição na negra listagem.
- Método epidemiológico – Partindo do princípio de que os acidentes são previsíveis, e, portanto, preveníveis, Luís Escudeiro considera que o fenómeno social da sinistralidade deverá ser abordado pelo método epidemiológico, através "da pesquisa do fenómeno no seio dos grupos de risco e dos seus factores de propagação". Deste modo, deverão também propor-se métodos de intervenção para o controlo da doença.
Primeiro, diminuindo a agressividade do meio, "protegendo os veículos do embate directo com árvores, postes, separadores, criando boas estradas, e intensificando a introdução de componentes de segurança como o ABS, controlo de estabilidade, airbags, em todos os veículos", afirma. E, depois, aumentando as resistências do indivíduo, tal como numa doença, nomeadamente mediante acções de formação cívica e técnica. "Este é o mesmo factor-chave que permitiu aos países do Norte da Europa baixar os índices de sinistralidade rodoviária. A formação começa nos jardins-de-infância e estende-se até ao aperfeiçoamento de condutores encartados", sustenta Luís Escudeiro.
Nos Estados Unidos, o número de mortos anualmente no trânsito urbano e nas estradas é equivalente ao total de soldados americanos mortos em toda a guerra do Vietname. Uma estatística do ano de 1993 nesse país mostrava que do total de mortes ocasionadas por todos os tipos de acidentes, 46% eram devidas a acidentes automobilísticos. O número de mortos em acidentes de carro superava em 60% o total das vítimas de homicídio.
No Brasil, morrem anualmente cerca de 25 mil pessoas no trânsito. Em números absolutos, a quantidade de vítimas fatais em acidentes cresce continuamente: na década de 60 houve um total de 51.125 mortos, na década de 70 esse número subiu para 139.689 mortos e na década de 80 registou-se 229.254 mortos. Entre 1992 e 1995, o número de acidentes nas rodovias federais do país aumentou 50,4% , o número de feridos cresceu 38,2% e o número de mortos registou um crescimento de 21,4%.
Com o fim de obter uma opinião sobre um estudo da OMS, quer a Direcção Geral de Viação, quer o Ministério da administração Interna quer a tutela da mesma, declinaram fazer qualquer comentário sobre a previsão dos acidentes constituírem a 3ª causa de morte em Portugal, adiantado apenas “ que está tudo a ser feito para que os números baixem de forma sustentada”. Em 2002, Portugal continuou em último lugar, entre os países europeus em termos de sinistralidades. De acordo com Luís Escudeiro tudo se explica pelo facto de, em Portugal, não existirem quaisquer “dados de carácter científico acerca das verdadeiras causas dos acidentes “ e por uma ausência de investigação transdisciplinar sobre este fenómeno.
O uso do cinto de segurança, aliado a vários outros dispositivos que equipam os carros modernos, como freios que não deixam as rodas travarem, barras para protecção contra choques laterais, bolsas que se inflam automaticamente no momento do impacto protegendo os ocupantes, apoios para a cabeça, luz traseira de advertência, etc., além das campanhas para se dirigir correctamente, tudo isso permitiu que muito mais pessoas sobrevivessem aos acidentes de trânsito e até que o número de acidentes caísse, em termos relativos, ao longo do tempo.
Essa constatação é válida no mundo todo. De acordo com a Administração Nacional de Segurança de Tráfico, órgão do Departamento de Transportes dos Estados Unidos, o uso do cinto de segurança salvou 5.226 vidas no país em 1992, numa média de mais de 14 por dia. Os riscos de ferimentos graves foram reduzidos em 45% a 55% com o cinto de segurança.
- O Congestionamento (também conhecido como engarrafamento), refere-se a uma condição em que automóveis e outros veículos ficam todos parados, em fila (s), durante quilómetros em uma estradas, pista, ruas ou avenidas, e assim diminuindo o fluxo de movimento. Esse fenómeno do trânsito é geralmente produzido pela “hora de rush”, feriados ou por acidentes de trânsito. O maior engarrafamento da história aconteceu em São Paulo onde o congestionamento chegou ao histórico de 266 km por causa da chuva fina e alguns acidentes.
3.4– Alcoolismo –
O alcoolismo é geralmente definido como o consumo consistente e excessivo e/ou preocupação com bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfira com a vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa. O alcoolismo pode potencialmente resultar em condições (doenças) psicológicas e fisiológicas, assim como, por fim, na morte. O alcoolismo é um dos problemas mundiais de uso de drogas que mais traz custos. Com excepção do tabagismo, o alcoolismo é mais custoso para os países do que todos os problemas de consumo de droga combinados.
Alguns factores que contribuem para o alcoolismo: o ambiente social em que a pessoa vive, a saúde emocional e a predisposição genética.
Nos países ocidentais o álcool continua associado a todos os grandes momentos que marcam a vida colectiva dos cidadãos.
O álcool é claramente um stressore também no meio laboral, contribuindo para o aumento da sinistralidade, seja ela a nível rodoviário (que infelizmente mata por ano dezenas de automobilistas), seja nos locais de trabalho onde se consomem bebidas alcoólicas (quer formalmente através dos bares e refeitórios), quer às “escondidas” das chefias e dos
restantes colegas. Neste último já se infere num acto ilícito do ponto de vista jurídico se, a empresa/organização manifestar a sua proibição através da aprovação de um regulamento interno que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas.
Biologicamente, o álcool é um poderoso modificador do funcionamento humano. Numa primeira fase provoca efeitos excitantes, depressivos e anestésicos e, posteriormente numa segunda fase leva ao descontrolo emocional, impulsivo, psicomotor, sensível e muscular.
Uma dose entre os 0,5 e os 0,8 gramas de álcool por litro de sangue é
suficiente para que as funções de um operador de máquinas pesadas,
um motorista de transportes colectivos ou um maquinista ferroviário
para não generalizar a outras profissões de condução, sejam perturbadas, originando um comportamento de risco com erros resultantes de alterações psicomotoras retardadas, precipitadas ou mesmo descontroladas.
Também não nos podemos esquecer que o álcool, mesmo consumido em pequenas doses, pode vir a provocar além do efeito de tolerância (beber compulsivamente mais para obter o mesmo efeito de “confortabilidade”) a médio e longo prazo a libertação no nosso organismo de um largo número de produtos tóxicos ou substâncias perigosas, como por exemplo o tricloroetileno, do percloroetileno, do chumbo, mercúrio, benzeno
e seus derivados.
Por exemplo na presença do álcool, o tricloroetileno actua sobre a vigilância, a capacidade mental e psicomotora do trabalhador. Outro é a existência de alguns solventes capazes de provocarem lesões nervosas duráveis (polinevrites) que aumentam consideravelmente a sua toxicidade na presença de álcool no sangue.
Muitos termos são aplicados para se referir a uma pessoa enquanto alcoólico e ao alcoolismo. Existe muita controvérsia a esse respeito, entretanto é consenso que:
1) Alcoolismo é uma doença.
2) O alcoólico pode apresentar prejuízos relacionados com o uso de álcool em todas as áreas da vida (prejuízos físicos, mentais, morais, profissionais, sociais, entre outros).
3) O alcoólico perde a capacidade de controlar a quantidade de bebida que ingere, uma vez que vence a ingestão (dependência química).
-Efeitos fisiológicos do alcoolismo:
O consumo excessivo de álcool leva a uma degradação do etanol pelo fígado, facto que consome NAD+ formando NADP. Na segunda reacção para a formação de acetato também há consumo de NAD+ e formação de NADP, dessa forma o ciclo de Krebs (dependente de NAD+) é diminuído pela falta de NAD+, aumentando portanto o metabolismo anaeróbico das células, o que irá produzir mais ácido láctico no organismo. Esse excesso de ácido láctico no organismo compete com a excreção de urato contribuindo para o aumento de ácido úrico no sangue, o qual irá precisar em articulações gerando uma doença conhecida como gota.
- Terapia em grupo e psicoterapia:
Após a desintoxicação, diversas formas de terapia em grupo ou psicoterapia podem ser usadas para lidar com os aspectos psicológicos subconscientes relacionados com o vício do álcool, assim como proporcionar a aquisição de habilidades de prevenção às recaídas.
O aconselhamento em grupo através de ajuda mútua é um dos meios mais comuns de ajudar os alcoólicos a manter a sobriedade. Muitas organizações já foram formadas para proporcionar esse serviço, como os Alcoólicos Anónimos.

3.5 - Competição exacerbada –

Competição é a interacção de seres (humanos, animais ou vegetais) que disputam alguma coisa. Esta disputa pode ser pelo alimento, pelo território, pela luminosidade, pelo emprego, pela fêmea, pelo macho, etc.
Assim, na ecologia, a competição constitui um factor regulador da densidade populacional, contribuindo para evitar a superpopulação das espécies.
A teoria de Charles Darwin defende que a competição é um mecanismo pelo qual a natureza selecciona organismos mais aptos a sobreviver em determinado ambiente.
A competitividade consiste num termo da própria modernidade. A competitividade só pode ser benéfica quando é cooperativa, quando visa a fraternidade, a consciência do “nós”, quando leva ao amor, a valores que vão humanizando a sociedade.
A responsabilidade individual do fracasso, que leva consigo a estigmatização e o isolamento do indivíduo mal sucedido, o qual interiorizará este fracasso e se auto-alienará, afastando-se, ainda mais, de uma consonância cultural. Este sujeito também aprenderá que a culpa pelo fracasso é a falta de controlo sobre si mesmo. Da percepção de fracasso e de impotência desenvolve uma postura defensiva e auto-destrutiva e,
consequentemente, uma perda de poder sobre o seu corpo que é, em parte, entregue ao poder do sistema social.
Neste sentido, Arendt (1965, citado em Jelin, 1994,p.45) expressa que
“podemos considerar o desaparecimento do gosto pela liberdade política
como a retirada do indivíduo a uma esfera íntima de consciência, onde
encontra a única região apropriada para a liberdade humana; essa região,
como fortaleza ruída, será a base a partir da qual o indivíduo, tendo
prevalecido sobre o cidadão, se defenderá, então, contra uma sociedade
que, por sua vez, prevalece sobre a individualidade”.

3.6- Delinquência –
Em Inglaterra as leis de 1640 protegem a separação da população urbana distinguindo-se entre residentes legais e os camponeses.
A partir do século XVIII os camponeses e outros trabalhadores são empurrados dos campos para as cidades entrando-se na época da mercantilização.
A partir desta altura começa-se a formar comportamentos distintos, próprios da categoria de indivíduos não integrados que se legitimam através de leis repressivas.
O Delinquente passa a ser equiparado e semelhante ao vagabundo, o ocioso, o pobre, o louco, a prostituta, como categoria social mais ou menos distinta em relação ao ricochete social de que são objecto.
O delinquente era visto como um cidadão infantil, cujos desejos infantis chegavam a ignorar a gravidade das suas acções.
A crença protestante luterana considera o delinquente aquele que se pode arrepender. O delito e o seu autor entram, então, no âmbito da patologia médica.
Durante o século XVIII, após a Reforma, o pensamento racionalista Iluminista equipara todos os homens na igualdade e responsabiliza-os, de igual modo, pela conservação do pacto implícito no contrato social, ou seja, a potencialidade de cada um de proporcionar a convivência pacífica de pensamento em liberdade. Deste modo, o delinquente é considerado pela sua deficitária socialização sendo o mesmo carente de auto-disciplina para controlar os seus desequilíbrios emocionais de acordo com as normas sociais estabelecidas.
No século XIX, a crença protestante leva a ter em consideração que a conduta delinquente tem a origem patológica.
De acordo com a abordagem sociológica, Weiner (1970, in Azevedo, 1981), a delinquência é a violação de normas de comportamento implementadas através da lei ou por comportamento delinquente: único episódio de acções ilegais múltiplas, acções delinquentes repetitivas mas pontuais, ou a entrega constante a um estilo de vida delinquente. Os próprios actos delinquentes abarcam desde pequenos delitos a crimes graves o que inclui também o comportamento que só é ilegal em virtude da idade do cidadão, como por exemplo a refracção ao lar e á escola.
Do ponto de vista jurídico e de acordo com Tamkiewiez e Finder (1981) o conceito de “ delinquência” será aquele que rouba nas lojas? Aquele que incendeia os caixotes do lixo? Ou aquele que rouba uma bicicleta? De facto à algumas décadas atrás os delinquentes eram os fugitivos, nalguns países são os homossexuais.
No entanto, segundo Haskell e Yablonsky (1974, in Azevedo, 1981), um delinquente é um estatuto que é atribuído pelo Tribunal.
Certos países são confrontados com problemas de delinquência juvenil a crescer associada a uma rápida industrialização e urbanização.
Segundo Maclver (1967 in Hollstein, 1980) o que está na base das acções delinquentes são as interacções e o estilo de educação das suas referências e identificações mais próximas, sobretudo a família.
Reinhold e Hollestein (1975 in Hollestein, 1980) consideram a diminuta socialização uma forma dos jovens reagirem às transmissões das instituições e dos agentes sociais.
Mass (1975, Hollestein, 1980) consideram que um controlo social afasta
as possibilidades das acções humanas no âmbito do desvio.
Racine (S.D.) refere que a lei sueca, considera delinquente os menores de 21 anos que têm necessidades de correcções especiais:
- Realização de um delito;
- Modo de vida imoral;
- Desonestidade na governação da sua vida;
- Abuso de álcool;
- Abuso de estupefacientes.
De com a abordagem psico-dinâmica a Delinquência torna-se patologia quando se enquadra numa deformação da personalidade e revela a revivência de conflitos anteriores não resolvidos.
De acordo com Leandro (1987) – Causas da delinquência:
- Pobreza nos investimentos afectivos;
- Falta de uma escola humanizada;
- Circuitos de comunicação deformados ou paradoxais;
- Falta de correspondência entre direitos e as suas realizações;
- Deficiente coordenação entre família, escola, associações culturais, autarquias, serviços sociais, etc;
- Insuficiente solidariedade comunitária;
- Escassez de espaço e tempos criativos.

3.7- Tabagismo –
Hábito de fumar (tabagismo) - acto voluntário de inalar o fumo da queima do tabaco. Independentemente da qualidade, quantidade ou frequência, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumadoras.
Doenças associadas ao uso do Cigarro:
O fumo é responsável por 30% das mortes por cancro; 90% das mortes por cancro no pulmão; 97% do cancro da laringe; 25% das mortes por doença do coração; 85% das mortes por bronquite e enfisema; 25% das mortes por derrame cerebral e por 50% dos casos de cancro de pele.
- Cancro e tabaco –
O fumo é responsável por 30% das mortes por cancro e 90% das mortes por cancro de pulmão. Os outros tipos de cancro relacionados com o uso do cigarro são: cancro de boca, laringe, faringe, esófago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero.O fumo está associado a um aumento de risco de uma diversidade de cancros. Dos quase 5 000 componentes do tabaco, mais de 50 demonstraram ser carcinogénicos.
- Doenças Cardiovasculares e tabaco – 25% das mortes causadas pelo uso do cigarro provocam doenças coronárias:
· Cardiopatia isquémica.
· Doença vascular periférica (arteriosclerose).
· Doença cerebrovascular (AVC).
- Outras doenças e tabaco –
· Doenças relacionadas com hormonas (menopausa precoce, osteoporose).
· Doenças respiratórias (bronquite crónica, enfisema e asma).
· Doenças gastrointestinais (doença de refluxo gastro-esofágico, úlcera péptica).
- Durante a gravidez – O tabagismo pode atrasar a concepção, e durante a gravidez pode afectar de modo negativo o feto. Os recém-nascidos das mães fumadoras pesam menos que os das não fumadoras. O tabagismo materno durante a gravidez pode afectar a médio prazo o desenvolvimento físico e intelectual da criança.


3.8- Toxicodependência –

O consumo de psicotrópicos não se limita apenas à alteração do equilíbrio biológico dos indivíduos, mas parece atingir o equilíbrio ecológico dos grandes aglomerados civilizacionais. Em todas as sociedades atingidas pela toxicomania se constata a existência de um substrato social mais propenso ao consumo.
Socialmente isolado o toxicómano não se sente apenas excluído do mundo que o rodeia, mas ainda do grupo em que originalmente se inseria, como a família e os seus amigos.
A heroína, cujo consumo se desenvolveu na Europa ao longo das últimas 3 décadas provocou o aparecimento de configurações sociais, conduzindo os seus consumidores a uma terrível solidão.
No interior das redes de abastecimento entrecruza-se uma verdadeira multidão constituída por elementos entre os quais reina um ambiente de desconfiança recíproca, reunido por diversas razões: Terrorismo político, influência no meio ou meros consumidores.
A droga levanta uma questão cultural – processo de reabilitação da figura do toxicómano. O Toxicómano continua a orientar-se por princípios muito próprios, por vezes colectivos, mas que não são partilhados pela maioria.

- 2 grandes correntes de pensamento antagónicas na comunidade tóxica:

- Uma delas defende as forças do bem e da luz, propondo um estilo de vida conforme à modernidade: a conquista de territórios íntimos, o controlo e a energia do indivíduo e uma sensibilidade que se adapta a todo o tipo de comunicação;

- A outra tendência é controlada pelas forças do mal e é defendida pelos arautos da morte. Nelas se concentram todos os desesperos e fobias, apropriando-se das frustrações das nossas representações colectivas.

A Distribuição Internacional da droga mais não faz do que reproduzir um conflito mais antigo que contrapõe os pólos Norte (consumidor) /sul (produtor) do planeta.
O movimento psicadélico dos anos 60 do século XX fundamenta-se essencialmente na crítica à sociedade da época e no Hedonismo. Defende também, uma cultura própria recusando o estilo de vida americano e procurando estilos de vida alternativos e uma nova ética associada ao mesmo movimento.
Este movimento multipolarizado originará a contracultura e a ideologia Hippy dos primeiros cristãos que encaram reverentemente o mundo, sendo os seus seguidores perseguidos.
Este movimento faz apelo à ancestral tradição do Xamanismo e das Filosofias Orientais com o objectivo de se desintoxicarem praticando Meditação Zen, Yoga, Tantrismo, Sudismo, Sofismo e Taoismo, etc.
Quanto às drogas leves tanto a partilha como o consumo são actos que pressupõem o envolvimento de todos os que participam na intoxicação colectiva.
No estudo dos efeitos dos psicotrópicos enquanto fenómeno cultural na colectividade concluiu-se que são efeitos semelhantes aos das tecnologias na sensibilidade individual.
Na abordagem sensorial da imagem televisiva estuda-se a noção de narkosis (narcose) com o objectivo de analisar o relacionamento sensorial indutor que a exposição à televisão provoca (veículo mediático).
A exposição excessiva da visão dá origem está associada à percepção global e conceptual, a uma multiplicação das faculdades (audiovisuais).
- De acordo com Finkielkraut duas grandes revoluções vieram abalar os pilares de todo o pensamento moderno ocidental que estão relacionadas com a cultura tóxica:
- A revolução francesa (1789) – a cultura entrou numa era de emancipação. O Homem tinha decidido pensar em liberdade, por si, sem recorrer ao divino, contando somente com a razão (racionalismo e pensamento cientifico);
- Revolução parisiense de Maio de 1968 – Nos países ocidentais estratos da população debatiam-se pela libertação: liberdade das minorias culturais, dos loucos, das mulheres, dos costumes. A ideologia libertária de 1968 defende a liberdade sem limites, reivindicando os jovens participação no poder, construção de uma visão colectiva mundial, reformas culturais.
A ideologia liberal defende o liberalismo económico que veio a dar origem ao alvorecer do capitalismo selvagem, ordenamento humano que tem o seu modelo no reino animal.
-Relativamente às reformas culturais (aculturação tóxica) que a taxinomia desencadeou destacam-se:
- 1ª Movimento – aparecimento da droga no ocidente. É acompanhado por movimentos estéticos ou políticos que se insurgem contra os modelos sociais e políticos pré-estabecidos;
- 2ª Movimento – defendido pelas sociedades de acolhimento e que reagem negativamente a tudo o que é estranho e estrangeiro considerando os mesmos agressões aos seus valores.
- 3ª Etapa – aculturação da comunidade virtual – desaparecimento da droga enquanto movimento de contestação ou de proposta de vida.
Em relação ao estudo das práticas actuais, existem 2 grandes tipos de orientações no seu estudo:
- A noção de liberdade adveniente do século das Luzes.
- As fronteiras da humanidade – através da prática o toxicómano pode vivenciar múltiplos níveis de consciência induzidos pelo consumo dos psicotrópicos como seja acerca da relatividade do real;
É de salienta a importância da transcendência que, ao vivenciar o efeito do psicotrópico o consumidor define o sagrado. Por exemplo, o consumo da cannabis induz a uma experiência mística, reveladora do imaginário individual e colectivo dos consumidores.
No universo da droga as relações de conhecimento podem estar associadas à partilha de uma língua, de um território ou de um origem étnica comum.

3.9– Solidão –

A solidão é o estado de quem se encontra ou se sente desacompanhado ou só. Ela é formada pela reclusão do indivíduo que não se adequa à sociedade e é expurgado.
Solidão é também um sentimento humano complexo e psicológico. Quem sofre ou sente solidão vive sozinho, fora da sociedade.
Um paradoxo social contemporâneo é convivermos o dia a dia com tanta gente e ao mesmo tempo sentirmo-nos solitários. Muitas são as situações geradoras de solidão: existe a solidão gerada pelo próprio poder, a solidão decorrente da riqueza, a solidão dos bem e mal casados, a solidão imposta pelo trabalho atomizado, a solidão da criança cujos pais são egoístas ou inacfetivos, a solidão dos idosos rejeitados com as suas memórias e muitas vezes abandonados nos asilos onde se tornam esquecidos dos familiares, a solidão das crianças órfãs, abandonadas ou que são obrigadas a viverem em instituições repressivas, a solidão da loucura, a solidão dos internos dos hospitais psiquiátricos, a solidão dos enfermos hospitalizados, a solidão do excluídos no topo do mercado de trabalho, a solidão do desempregado, a solidão do operário que deixou família para trabalhar na grande cidade, a solidão do estigmatizado, a solidão do imigrante, etc.

3.10 - Densidade populacional -

Densidade populacional, densidade demográfica ou População relativa é a medida expressa pela relação entre a população e a superfície do território, geralmente aplicada a seres humanos, mas também noutros seres vivos (comummente, animais). É geralmente expressa em habitantes por quilómetro quadrado.
O país com a maior densidade populacional é Mónaco e a menor é a Mongólia.
Segundo as recentes estatísticas, Portugal contava com uma população de 10.566.212 habitantes em 2005. Com uma área de 92.391 km², o país apresentava uma densidade populacional de 115 hab/km², ou seja, a 66.ª posição a nível mundial.

3.11 - O Terrorismo –
Terrorismo é um método que consiste no uso de violência, física ou psicológica, por indivíduos, ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida através de um ataque a um governo ou à população, de modo que os estragos psicológicos ultrapassem largamente o círculo das vítimas para incluir o resto do território.
- Terrorismo organizado –
As mais famosas organizações terroristas do século XX foram as Brigadas Vermelhas na Itália, O IRA (Exército Republicano Irlandês), a OLP (Organização pela Libertação da Palestina), a Ku Klux Klan, a Jihad Islâmica, Abu Nidhal, a Al-Qaeda e ETA. Terrorismo é algo extremamente difícil de se controlar ou prevenir, especialmente se os seus membros estão dispostos a correr risco de morte no processo, mas é uma ofensa criminosa em praticamente todos os códigos legais do mundo (a Convenção de Praga de 1907 e a Convenção de Genebra de 1949). Alguns governos têm ou tiveram ligações comprovadas com grupos terroristas, que incluem financiamento ou apoio logístico, como o fornecimento de armas e explosivos e de locais de abrigo e treino. São os casos, entre outros, do Iémen, da Líbia, e dos países que apoiaram o regime Talibã no Afeganistão.
- Terrorismo de Estado (Estados repressores) –
Semelhante nos efeitos, mas em geral bastante diferente nos métodos, a repressão política em estados ditatoriais é por vezes associada ao terrorismo, apontando-se para situações como o holocausto na Alemanha nazi, a repressão estalinista na União Soviética, a China de Mao, o domínio do Japão na China e Sudeste asiático antes e durante a Segunda Guerra Mundial, o genocídio arménio na Turquia, as ditaduras na América Latina (Pinochet no Chile, Fidel Castro em Cuba, Alfredo Stroessner no Paraguai e Rafael Leónidas Trujillo na República Dominicana), o regime de Pol Pot no Camboja, a ocupação indonésia em Timor-Leste, ou os actuais regimes ditatoriais de Myanmar, da Coreia do Norte, do Turquemenistão, etc.
3.12 – Violência –
Violência é um comportamento que causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objecto. Nega-se autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro. É o uso excessivo de força, além do necessário ou esperado. O termo deriva do latim violentia (que genericamente significa qualquer comportamento ou conjunto que deriva de vis, força, vigor), aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente.
Numa perspectiva contemporânea violência diferencia-se de força, palavras que costuma estar próximas na língua e pensamento quotidiano. Enquanto que força designa,na sua acepção filosófica, a energia ou "firmeza" de algo, a violência caracteriza-se pela acção corrupta, impaciente e baseada na ira, que não convence ou busca convencer o outro, simplesmente o agride.
Existe violência explícita quando há ruptura de normas ou moral sociais estabelecidas a esse respeito: não é um conceito absoluto, variando entre sociedades. Por exemplo, rituais de iniciação podem ser encaradas como violentos pela sociedade ocidental, mas não pelas sociedades que o praticam.
- Tipologia da violência:
Violência física
Violência psicológica
Violência política
Violência cultural
Violência verbal
Violência contra a mulher
Violência infantil
Violência Espontânea x Institucional
Assédio moral e sexual no trabalho
Violência doméstica
Violência infantil
Violência urbana
Violência no desporto

A tortura é uma das mais cruéis formas de violência, deixando sequelas psico-emocionais, muitas vezes, irreversíveis num indivíduo. Foi amplamente utilizada no período da inquisição para arrancar confissões de supostos infiéis da igreja católica, e por ditaduras militares para conseguir extrair informações de inimigos políticos.

- Diversas causas externas ao indivíduo já foram propostas para explicar a violência física:
- Cultura moderna:
A proposta de que a cultura moderna instiga à violência em relação a culturas indígenas ou pré-históricas é baseada na filosofia do bom selvagem de Rousseau e da "tabula rasa" de Locke. Foi descartada pela evidência de que essas sociedades eram proporcionalmente mais violentas que a nossa (Bamforth, 1994; Chagnon, 1996; Daly & Wilson, 1988; Ember, 1978; Chiglieri, 1999; Gibons, 1998; Keeley, 1996; Kingdon, 1993; Knauft, 1987; Krech, 1999; Wrangham & Peterson, 1996), praticando até canibalismo (Gibons,1997; Holden, 200).
- Violência nos média:
Já foram realizados diversos estudos sobre a relação entre violência nos média e comportamento agressivo, mas até agora não há nenhuma evidência conclusiva dessa relação. A televisão e o cinema são apontados como irradiadores destes comportamentos, na medida que poderiam influenciar um indivíduo ou grupo. (Fishhoff, 1999; Freedman, 1984; Freedman, 1996; Freedman, 2002; Renfrew, 1997).
- Acesso a armas de fogo:
Não há nenhuma correlação observável entre o acesso a armas de fogo e violência, apesar desse instrumento tornar a violência mais efectiva e fácil. Análises estatísticas sugerem que a correlação pode ser até inversa (Lott, 1998).

- Discriminação e pobreza:
Apesar de indícios de que esses factores estejam mais relacionados a violência, não há uma correlação clara. Países com maior desnível socioeconómico têm outros factores culturais que também podem influenciar o nível de violência.
De acordo com Thomas Hobbes a ciência hoje conclui que a violência é determinada pela complexa combinação entre factores externos e características inatas do ser humano:
- De género: os homens são mais violentos em praticamente todas as culturas; especialmente homens jovens entre 15 e 30 anos de idade (Daly & Wilson, 1988; Rogers, 1994; Wilson & Herrnstein, 1985).
- Distúrbios de personalidade: cerca de 7% dos homens jovens cometem 7% de delitos violentos repetidos (Wright, 1995). Avaliações psicológicas demonstram um perfil de personalidade distinto nesses indivíduos, que tendem a ser impulsivos, ter baixo nível de inteligência, ser hiperactivos e com deficit de atenção (Holden, Science, 2000). Parte deles são considerados psicopatas (Hare, 1993; Lykken, 1995; Rice, 1997). Essas características emergem no início da infância, persistem ao longo de toda a vida e são em grande medida hereditários, embora de modo algum o sejam completamente (Pinker, 2004).
- Predisposição inata à violência: em todas as culturas, brincadeiras violentas surgem espontaneamente, especialmente entre meninos, logo depois que as crianças começam a andar, com comportamento agressivo ocorrendo em cerca de metade deles aos dois anos de idade (Holden, Science, 2000).
Essa predisposição inata é facilmente explicável pela necessidade da selecção dessa característica durante a evolução da nossa espécie. Somos todos descendentes de indivíduos que souberam caçar efectivamente, que venceram a competição sexual, que sobreviveram a guerras tribais e a todos os aspectos da violência.
A chamada “armadilha” Hobbesiana diz que a presença de um indivíduo, tribo ou nação agressiva instiga seus pares à violência, seja pela defesa ou de modo preventivo, para inibir a possibilidade de agressão (Pinker, 2004; Daly & Wilson, 1988; Glover, 1999; Horowitz, 2001).

- Abuso no relacionamento íntimo como Stressor:
Os efeitos da qualidade do relacionamento íntimo no estado de saúde dos indivíduos têm sido cada vez mais estudados (Campbell et al., 2002; Coker et al., 2000c). Rush (2000), por exemplo, apresenta a questão da violência contra a mulher não apenas como um problema social, mas também como um problema de saúde pública. Com efeito, este autor verifica que as mulheres que foram vítimas de abuso no contexto do relacionamento com o companheiro recorrem mais a serviços médicos, têm maior taxa de absentismo, ficam mais dias de cama e exibem mais sintomas de stress e depressão, assim como idealização e/ou tentativas de suicídio, stress pós-traumático, baixa auto estima, abuso de álcool e de outras drogas. Cerca de 24 a 54% das mulheres que procuram os serviços de urgência hospitalar nos Estados Unidos têm história de abuso no relacionamento íntimo (Abbott, Johnson, Koziol-McLain e Lowenstein, 1995; Dearwater et al., 1998). Mais autores, têm observado uma elevada afluência de vítimas de abuso aos serviços médicos, assinalando os elevados gastos com a saúde nesta população.
Em termos dos seus efeitos, as experiências de abuso no relacionamento íntimo originam um vasto leque de reacções emocionais que incluem medo, raiva, isolamento e mal-estar emocional (Emery, Cate, Henton e Andrews, 1987;Kilpatrick et al., 1988; Koss, 1993).

3.13- Desemprego –
É a medida da parcela da força de trabalho disponível que se encontra sem emprego. Esse fenómeno social é observado principalmente em países subdesenvolvidos cujas economias não conseguem suprir o crescimento populacional. Um agravante é a crescente mecanização e informatização dos processos de trabalho, excluindo cargos que antes eram desempenhados por pessoas e agora o são por máquinas.
Na economia, taxa de desemprego representa a percentagem de pessoas capazes de exercer uma profissão e que estão atrás de um emprego remunerado, mas que, por diversas razões, são incapazes de encontrar um. Também podem estar incluídos na taxa de desemprego aqueles que exercem trabalhos não remunerados. A taxa de desemprego é o número dos trabalhadores desempregados dividido pela força de trabalho total.
Taxa de desemprego em Portugal para 2008 – taxa de desemprego estabilizou em 7,9 por cento no terceiro trimestre do ano revelem os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Quadro IV – Nível de escolaridade da população desempregada:
NIVEL DE ESCOLARIDADE
3º trimestre de 2004
% do TOTAL
Até ao Básico - 3º ciclo
278,6
74,1%
Secundário
53,6
14,3%
Superior
43,6
11,6%
TOTAL
375,8
100,0%
Fonte: INE, Estatísticas de Emprego – 3º trimestre de 2004



3.14 - Trabalho precário –

Precariedade tem aumentado nos últimos anos, afectando actualmente cerca de um milhão de trabalhadores, cerca de um quinto da população activa em Portugal, embora existam muitas outras situações que não são contabilizadas por se enquadrarem no trabalho ilegal ou clandestino, noticia a Lusa.
Em Portugal, atingindo 22,4 por cento dos trabalhadores em 2007, num total de 872 mil pessoas (segundo dados oficiais), a precariedade laboral afecta sobretudo os jovens, com maior incidência na administração pública e nos serviços e na região do Algarve.
Cerca de metade dos jovens até aos 25 anos têm contrato não permanente, sendo que as raparigas são 52,1 por cento deste universo. Na faixa etária dos 25 aos 29 anos a precariedade é de 35,9 por cento, o que faz com que 42% dos jovens com menos de 30 anos tenham contratos de trabalho precários e representem quase metade do total.
Estes números incluem os trabalhadores com contratos a termo certo (a prazo), o trabalho temporário e os recibos verdes, mas não integram o trabalho não declarado.
Este tipo de trabalho, em que o trabalhador não tem qualquer tipo de garantias ou de protecção e em que os envolvidos (patrão e trabalhador) não cumprem as suas obrigações fiscais, nem descontam para segurança social, predomina na construção civil e na restauração e, sobretudo, em pequenas empresas.
Arménio Carlos, da Comissão Executiva da CGTP, disse à agência Lusa que existem pelo menos 100 mil trabalhadores que desempenham a sua actividade de forma completamente ilegal e clandestina.
Fonte – http://diario.iol.pt/sociedade/trabalho-recibos-verdes-trabalho-precario/942630-4071.html, em 23/05/08.

3.15 - O envelhecimento –

Citando Virgínia Wolf, “Há uma idade na vida em que os anos passam demasiado depressa e os dias são uma eternidade”,
o envelhecimento é um processo natural, que advém da evolução degenerativa das células vivas.
Tendo em conta que, ser reformado não significa ser idoso, a preparação para o fim da actividade profissional é importante para nos ajudar a encarar essa nova etapa como um desafio. Todos nós nos podemos preparar para envelhecer com qualidade, envelhecendo com saúde.
As novas questões ligadas ao envelhecimento realçam a necessidade de substituição do modelo de ciclo de vida tradicional, dividido em três fases bastante distintas: educação, trabalho e reforma. A questão que envolve o envelhecimento e as pessoas idosas exige uma reconceptualização, uma reforma da gestão da idade.
O conceito de envelhecimento activo, criado pela Organização Mundial de Saúde, em 1997, que tem por base o princípio de permitir aos idosos que permaneçam integrados e motivados na vida laboral e social, parece ser uma solução encontrada, tornando-se indispensável difundir e implementar as medidas.
Torna-se cada vez mais necessário adaptar a idade da reforma ao prolongamento da vida e adaptar os postos de trabalho, modificando regras e práticas em matéria de emprego, assegurar modalidades de trabalho mais flexíveis, incluindo a passagem gradual para a reforma, maximizar as potencialidades dos idosos, melhorar os ambientes de trabalho para tornar uma vida activa mais longa e, entre outros, eliminar atitudes e práticas de discriminação de idosos.
Ainda neste contexto, podem verificar-se alterações a nível psicológico associadas às pessoas idosas. As perdas de memória ou maior dificuldade no raciocínio, são alguns exemplos. No entanto, algumas opiniões da comunidade científica defendem que esta perda de inteligência é facilmente compensada pela maior sabedoria que estas pessoas podem transmitir.
O fenómeno do envelhecimento resulta da transição demográfica, normalmente definida como a passagem de um modelo demográfico de fecundidade e mortalidade elevados para um modelo em que ambos os
fenómenos atingem níveis baixos, originando o estreitamento da base da pirâmide de idades, com redução de efectivos populacionais jovens e o alargamento do topo, com acréscimo de efectivos populacionais idosos.
Entre 1960 e 2000 a proporção de jovens (0-14 anos) diminuiu de cerca de 37% para 30%. Segundo a hipótese média de projecção de população mundial das Nações Unidas ( United Nations Population Division), a proporção de jovens continuará a diminuir, para atingir os 21% do total da população em 2050.
Ao contrário, a proporção da população mundial com 65 ou mais anos regista uma tendência crescente, aumentando de 5,3% para 6,9% do total da população, entre 1960 e 2000, e para 15,6% em 2050, segundo
as mesmas hipóteses de projecção. De referir ainda que o ritmo de crescimento da população idosa é quatro vezes superior ao da população jovem.
O envelhecimento demográfico não evolui de forma uniforme em todas as regiões do Mundo. Considerando a população por regiões segundo o seu grau de desenvolvimento , confirma-se que as mais desenvolvidas
iniciaram primeiro o fenómeno da transição demográfica, com a população jovem a evoluir segundo taxas negativas desde 1970, enquanto o conjunto dos países menos desenvolvidos apresenta taxas de crescimento positivas, embora relativamente baixas, aproximando-se do valor nulo a partir de 2030.

Este fenómeno social é um dos desafios mais importantes do século XXI e obriga à reflexão sobre questões com relevância crescente como a idade da reforma, os meios de subsistência, a qualidade de vida dos idosos, o estatuto dos idosos na sociedade, a solidariedade intergeracional, a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e de saúde e sobre o próprio modelo social vigente.
Por outro lado, uma sociedade constituída por pessoas mais velhas pode criar outras oportunidades em diversos domínios, novas actividades económicas e profissões, nomeadamente na área da prestação de serviços
comunitários e de redes de solidariedade; ambientes e arquitectónicas diferentes; padrões de consumo específicos, produtos e serviços criados à
imagem dos consumidores mais velhos com necessidades específicas.
É importante ter em conta que os idosos de hoje são diferentes dos idosos de gerações mais antigas. Qualquer limite cronológico para definir as pessoas idosas é sempre arbitrário e dificilmente traduz a dimensão biológica, física e psicológica da evolução do ser humano. A autonomia e o estado de saúde devem ser factores a ter em conta, pois afectam os indivíduos com a mesma idade de maneira diferente. Contudo, a marcação é necessária para a descrição comparativa e internacional do envelhecimento.
A Comissão da Comunidades Europeias analisou as respostas de um questionário europeu que decorreu em 1992 sobre “Idade e Atitudes”. Neste estudo refere-se a necessidade de alteração do significado da expressão “terceira idade” devido à sua desadequação, em consequência do
aumento da esperança de vida, propondo que esta corresponda apenas ao grupo dos 50-74 anos e uma nova designação de “quarta idade” para os 75 e mais anos.
Relativamente à designação das pessoas idosas, ou seja, o modo como cada um gostaria de ser tratado, a análise ao inquérito permite observar uma grande diversidade de respostas. A designação “pessoas mais velhas” foi a mais aceite pelos países que constituíam na altura a União Europeia (12). Esta é a expressão preferida pelos idosos da Europa do Sul, com excepção dos italianos, que preferiram “pessoas de idade” ou “pessoas mais velhas”. A designação “os mais velhos” foi rejeitada por quase todos os países membros, embora esta fosse a designação mais utilizada por políticos, gerontologistas e pelos média, segundo o mesmo estudo. A expressão “cidadãos seniores” marcou as preferências de alguns países da Europa do Norte, tais como, Reino Unido, Alemanha e Irlanda, enquanto os franceses e os belgas preferiam ser chamados de “reformados”.
Esta análise segundo o género revela que, entre o sexo feminino, a proporção de idosas ultrapassou a de jovens do mesmo sexo em meados da década de 90, enquanto entre os efectivos do sexo masculino a proporção de jovens ainda se mantém actualmente superior à de idosos.
A superioridade numérica das mulheres, que é devida à maior esperança de vida, aumenta, naturalmente, com o avançar na idade.
O envelhecimento da população idosa, anteriormente referido, é uma realidade bem retratada pelo índice de longevidade. Este indicador aumenta de 34 para 42 indivíduos entre 1960 e 2001, segundo estimativas (INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População) com base nos resultados provisórios. Mais uma vez, este indicador é superior no caso das mulheres.
Os índices de dependência são também bastante ilustrativos do processo de envelhecimento em Portugal.
Calcularam-se esperanças de vida sem incapacidade física de longa duração (INE/INSRJ, 2000).
Embora as mulheres vivam mais anos, a esperança de vida sem
incapacidades é bastante mais reduzida quando comparada com a
dos homens ( INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População).
Esta conclusão é corroborada pelos valores da percentagem de esperança
de vida passada sem incapacidade, de um modo geral, sempre mais baixa
nas mulheres, com excepção para a incapacidade para a comunicação,
cujos valores se aproximam em ambos os sexos.
Relativamente à incidência de determinadas doenças crónicas, o Inquérito Nacional de Saúde de 1998/1999 (Continente) permite observar que a hipertensão e as dores nas costas são as mais frequentes entre a
população idosa inquirida.
Estas doenças, juntamente com a diabetes registam uma prevalência superior entre as mulheres.
A comunidade científica ligada ao estudo da psicogerontologia aponta o facto do suicídio ser mais frequente entre os homens como consequência dos seus traços de personalidade. Por outro lado, alguns indicadores da Organização Mundial de Saúde (OMS) alertam para o facto de a depressão constituir a doença mais frequente entre as mulheres com proporções bastante significativas em idades avançadas. O rácio médio é de 1,5 mulheres por cada homem.
O isolamento físico e psicológico a que grande parte dos idosos vive, juntamente com acontecimentos fulcrais que afectam o
modo de vida, tais como, a saída do mercado de trabalho sem ter sido planeada uma actividade alternativa, a discriminação de que frequentemente são alvo no final da vida activa, a perda de relações sociais
concentradas ao ambiente emprego, podem proporcionar sentimentos de solidão, baixa auto-estima, dificuldades em enfrentar a situação e encontrar formas alternativas de ultrapassar positivamente o problema.
Considerando, por outro lado, os dados do Inquérito ao Emprego de 2001, determinaram-se os níveis de instrução da população idosas com base nas categorias da International Standard Classification of Education (ISCED)
utilizada pelas Nações Unidas.
Pode verificar-se que mais de metade da população com 65 e mais anos (55,1%) não tinha qualquer nível de instrução, enquadrava-se no nível 0 do ISCED. Esta proporção é superior no caso das mulheres (64,7% contra
41,3% dos homens).
Pode concluir-se que a população idosa detém, de um modo geral, baixos níveis de instrução e, dentro desta, as mulheres registam níveis mais baixos que os homens.
No que se refere à formação familiar, estudos anteriores revelaram que a maior parte da população idosa vive com o cônjuge, embora esta percentagem seja bastante superior nos homens. A sobremortalidade masculina e o celibato definitivo feminino são fenómenos que podem estar na origem das diferentes formas de vivência familiar entre os dois sexos
(INE, 1999).
Alguns estudos efectuados nesta área evidenciam que os idosos são um dos grupos populacionais mais vulneráveis à pobreza e à exclusão social, quer por serem um grupo socialmente marginalizado, quer por, na sua maioria, usufruírem de rendimentos que se situam abaixo do limiar de pobreza.
A população idosa acumula, como evidenciado em capítulos anteriores, baixos níveis de instrução, baixos rendimentos, isolamento físico e social, baixa participação social e cívica, a que se juntam condições de saúde, de habitação e conforto desfavoráveis.
As mulheres idosas consideram que têm um estado de saúde mais precário que os homens. Segundo o Inquérito Nacional de Saúde, em 1998/1999, ambos os sexos acumulam as maiores percentagens nas categorias de mau e razoável. No entanto, enquanto 14,5% dos homens afirmam que o
seu estado de saúde é bom tal grau é apontado apenas por 6,5% das mulheres. De referir ainda que, cerca de 12,7% das mulheres e 7,2% dos homens indicaram ter um estado de saúde muito mau (Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde).
Segundo a mesma fonte, a grande maioria da população inquirida, e os idosos em particular, utiliza o subsistema do Serviço Nacional de Saúde, não registando formas alternativas nos cuidados de saúde. A percentagem da população que tem seguro de saúde é bastante baixa, especialmente entre a população idosa.
Por outro lado, determinados bens de equipamento básicos, como o fogão ou o frigorífico, detêm uma cobertura que atinge a quase totalidade dos alojamentos (acima dos 90%). Foram identificados também outros
equipamentos domésticos que registaram uma acentuada difusão entre os dois inquéritos, tanto na população em geral como na idosa: a televisão a cores (79,9% dos agregados com idosos em 1994/95), a máquina de
lavar roupa (59,0%), a arca congeladora (45,4%) e o telefone (65,0%), constituem um bom exemplo (INE/IOF, 1994/1995).

3.16 - A Morte –

A morte, o óbito, o falecimento são termos que podem referir-se tanto ao término da vida de um organismo como ao estado desse organismo depois do evento. As alegorias comuns da morte são o Anjo da Morte, a cor negra, ou o famoso túnel com luminosidade ao fundo.
A morte é o fenómeno natural que se tem discutido tanto em religião como na ciência e que tem suscitado a opiniões diversas. O Homem, desde o princípio dos tempos, tem a caracterizado com misticismo, magia, mistério, segredo.
Biologicamente, a morte pode ocorrer para o todo, para parte do todo ou para ambos. Por exemplo, é possível para células individuais, ou mesmo órgãos morrerem, e ainda assim o organismo como um todo continuar a viver. Muitas células individuais vivem por apenas pouco tempo, e a maior parte das células de um organismo são continuamente substituídas por novas células.
Também é possível que o organismo morra (geralmente, num caso de morte cerebral) e que as suas células e órgãos vivam, e sejam usadas para transplantes. Porém, neste caso, os tecidos sobreviventes precisam de ser removidos e transplantados rapidamente ou morrerão também.
A irreversibilidade é constantemente citada como um atributo da morte. Cientificamente, é impossível trazer de novo à vida um organismo morto. Se um organismo vive, é porque ainda não morreu anteriormente. No entanto, muitas pessoas não acreditam que a morte física é sempre e necessariamente irreversível, enquanto outras acreditam em ressuscitação do espírito ou do corpo e outras ainda, têm esperança que futuros avanços científicos e tecnológicos possam trazê-las de volta à vida, utilizando técnicas ainda embrionárias, tais como a criogenia ou outros meios de ressuscitação ainda por descobrir.
Historicamente, tentativas de definir o momento exacto da morte foram problemáticas. Morte foi uma vez definida como paragem cardíaca e respiratória, mas com o desenvolvimento da ressuscitação cardiopulmonar e desfibrilação, por exemplo, surgia um dilema: ou a definição de morte estava errada, ou técnicas que realmente ressuscitavam uma pessoa foram descobertas. A primeira explicação foi aceite, e actualmente, a definição de morte é conhecida como morte clínica, ou seja, morte cerebral ou paragem cardíaca irreversível, por exemplo.
Actualmente, quando requerida, a morte geralmente é esclarecida como morte cerebral ou morte biológica: pessoas são dadas como mortas quando a actividade cerebral acaba por completo. Presume-se que a cessação de actividade eléctrica no cérebro indica fim de consciência. Porém, aqueles que mantêm que apenas o neo-córtex do cérebro é necessário para a consciência argumentam que só a actividade eléctrica do neo-córtex deve ser considerada para definir a morte.
Até nesses casos, a definição de morte pode ser difícil. EEGs (electroencéfalogramas) podem detectar pequenos impulsos eléctricos onde nenhum existe, enquanto houve casos onde actividade cerebral em um dado cérebro mostrou-se baixa demais para que EEGs os detectassem. Por causa disso, vários hospitais possuem elaborados protocolos determinando morte envolvendo EEGs em intervalos separados.
Do ponto de vista científico, não se pode confirmar nem rejeitar a ideia de uma vida após a morte. Embora grande parte da comunidade científica sustente que isso não é um assunto que caiba à ciência resolver, muitos cientistas tentaram entrar nesse campo estudando as chamadas "experiências de quase-morte", e o conceito de "vida" se associa ao de "consciência". São consideradas duas hipóteses:
A consciência existe unicamente como resultado de correlações da matéria. Se esta hipótese for verdadeira, a vida cessa de existir no momento da morte.
A consciência não tem origem física, apenas usa o corpo como instrumento para se expressar. Se esta hipótese for verdadeira, certamente há uma existência de consciência após a morte e provavelmente antes da morte, também, o que induziria às tentativas de validação da reencarnação.
- Teorias sobre a morte:
A teoria da "Extinção Absoluta" permanente da vida ao ocorrer a morte física, ou teoria Materialista (monista);
A teoria do "Céu e Inferno" numa vida eterna para além da física e determinada pela conduta na vida física, ou teoria Teológica
A teoria da reencarnação através de renascimentos sucessivos em corpos físicos e com diferentes experiências de vida para alcançar a expansão de consciência e perfeição espiritual, ou teoria do Renascimento (dualista).

3.17 - A Pobreza –

A pobreza pode ser entendida em vários sentidos, principalmente:
- Carência material: tipicamente envolvendo as necessidades da vida quotidiana como alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde. Pobreza neste sentido pode ser entendida como a carência de bens e serviços essenciais.
- Falta de recursos económicos: nomeadamente a carência de rendimento ou riqueza (não necessariamente apenas em termos monetários). As medições do nível económico são baseadas em níveis de suficiência de recursos ou em "rendimento relativo".
A União Europeia, nomeadamente, identifica a pobreza em termos de "distância económica" relativamente a 60% do rendimento mediano da sociedade.
- Carência Social: como a exclusão social, a dependência e a incapacidade de participar na sociedade. Isto inclui a educação e a informação. As relações sociais são elementos chave para compreender a pobreza pelas organizações internacionais, as quais consideram o problema da pobreza para lá da economia.
O Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com menos de 1 dólar por dia e pobreza moderada como viver com entre 1 e 2 dólares por dia. Estima-se que 1 bilião e 100 milhões de pessoas a nível mundial tenham níveis de consumo inferiores a 1 dólar por dia e que 2 bilhões e 700 milhões tenham um nível inferior a 2 dólares.
Em Portugal está entre os mais pobres da EU: a posição de Portugal na lista dos "10 países em maior risco de pobreza" na União Europeia e ao nível de "desigualdade na distribuição de rendimentos" referidos nos últimos números do Instituto Nacional de Estatística (INE).

3.18 – Bairros Sociais –
É um problema que tem sido profundamente debatido no meio dos profissionais de urbanismo e para o qual existem opiniões divergentes.
A cidade de Lisboa tem 67 bairros sociais com cerca de 25 mil casas onde habitam 87 mil pessoas, de acordo com a GEBALIS, empresa que gere os Bairros Municipais de Lisboa.Os dados da GEBALIS, referentes a Janeiro de 2007 e citados no relatório do Observatório de Luta contra a Pobreza na cidade de Lisboa, divulgado recentemente, revelam que é na freguesia de Marvila que se localiza o maior número de mais bairros sociais, com um total de dez, seguindo-se Santa Maria dos Olivais, com nove, e Benfica com seis.De acordo com o relatório do Observatório, os bairros sociais mais populosos da cidade são o de Padre Cruz, com 8.793 habitantes, e do Condado Zona J, em Marvila, com 6.869 pessoas.Os bairros menos populosos são o Presidente Carmona, situado na freguesia Alto do Pina, com 38 habitantes, o do Caramão da Ajuda com 49 e o da Rainha Dona Leonor, em São Domingos de Benfica, com 50.O bairro do Presidente Carmona, na freguesia do Alto da Pina, é também o mais antigo da capital, tendo sido edificado em 1927. O bairro mais recente é o do Alto de Lisboa Centro, criado em 2007, e que se situa entre as freguesias da Charneca e Lumiar com 62.049 habitantes.

Capítulo 4 – Formas de eliminar os Stressores Sociais –

4.1 – Formas de eliminar o Stress ocupacional –
- Medidas de eliminação do Stress ocupacional:
-Dirigidas para a situação de trabalho – propostas pelo NIOSH (North American Institute of Occupational Safety and Health)):
- Horários de trabalho – estabelecer horários de trabalho não conflituantes com os requisitos de trabalho;
- Participação/controlo dos trabalhadores nas decisões que os afectem;
- Carga de trabalho – compatibilidades das tarefas com as capacidades dos trabalhadores, com a previsão do tempo de recuperação…
- Conteúdo funcional – tarefas satisfatórias e adequadas às qualificações;
- Funções definidas com clareza;
- Ambiente social – boa relação com os colegas;
- Futuro – evitar ambiguidades quanto ao desenvolvimento da carreira e à segurança dos empregados.
- Dirigidas para o indivíduo:
- Complementares (exercícios físicos, técnicas de relaxamento, Meditação, Yoga e apoio social);
- Estruturadas em função da insuficiência ou falta de êxito das estratégias dirigidas para a situação de trabalho.

4.2 – Formas de eliminar o Stresse –

Como é que posso ultrapassar o stress?
Pode começar pelo próprio factor de stress –
Trata-se aqui de evitar o desencadeador do stress, interceptar, reduzir e procurar soluções:
Para isso, deve:
• Procurar informações sobre o tema, causas do stress (apoio profissional, livros, conversas);
• Procurar uma formação contínua que permita treinar e ganhar as capacidades em falta, para lidar com o factor de stress (por exemplo, curso de computador, curso para ultrapassar os conflitos e o stress);
• Resolver os problemas diários;
• Conseguir ter ordem, deitar fora o que não presta, reparar algo defeituoso
• Eliminar ruídos;
• Conduzir mais cedo para fugir aos engarrafamentos;
• Resolver questões financeiras;
• Solicitar uma conversa esclarecedora;
• Resolver conflitos;
• Optimizar a agenda (ver mais tarde);
• Entregar os trabalhos;
• Pedir ajuda;
• Dizer Não (se necessário, frequentar um curso para isso).
- Pode conseguir ultrapassar o stress a longo prazo através das seguintes formas:
• prática regular de exercícios de respiração e de relaxamento;
• actividade física regular;
• uma alimentação saudável;
• dormir bem e fazer pausas regulares;
• ajustar bem o tempo sem stress;
• cuidar das amizades, dos laços familiares, das relações sociais;
• ter um passatempo;
• ter o cuidado de verificar que as ocupações do tempo livre não se
tornem num stress.
De um modo muito resumido, a abordagem faz-se tanto com a correcção dos factores que levam ao desequilíbrio da química do organismo, quanto o fornecimento das substâncias necessárias ao funcionamento do corpo. Alguns exemplos mais marcantes:
- Alguns exemplos mais marcantes:
- Facilitação do Funcionamento do Cérebro:
Vários aminoácidos e vitaminas participam na formação das substâncias químicas que estão envolvidas no funcionamento das áreas do cérebro responsáveis pelas emoções, pelos pensamentos e pela memória. A administração correcta dessas substâncias naturais pode permitir ao cérebro corrigir o seu funcionamento, seja pela ingestão da própria substância isolada, seja pelo aumento da ingestão de alimentos chamados de "funcionais", por conterem quantidade considerável da substância que se deseja aumentar.
Um exemplo dessa abordagem: tanto a ansiedade quanto a depressão tem um mediador químico cerebral envolvido no processo chamado serotonina. Vários antidepressivos são capazes de aumentar a quantidade de serotonina do cérebro ao dificultar sua produção na célula que a liberou, inibindo sua recaptação, mas ao custo de muitos efeitos colaterais. Já certos aminoácidos podem aumentar a quantidade da mesma serotonina ao aumentar sua produção, fornecendo em quantidades extras a matéria-prima para sua fabricação. O processo tem bem menos efeitos colaterais e, ao contrário dos antidepressivos, não dá origem a sintomas de abstinência (eufemísticamente chamado de "síndrome da descontinuidade") quando é interrompido. Outros precursores de transmissores químicos cerebrais têm o mesmo princípio de favorecer funções cerebrais, modulando por exemplo a irritabilidade, a agressividade, a tristeza, a iniciativa e o prazer.
- Correcção das funções gastrointestinais -
Nosso sistema digestivo está envolvido em torno de 80 % da nossa capacidade imunológica, além de ter influência no nosso estado emocional. A conexão entre nosso sistema digestivo e nossos pensamentos e emoções pode ser resumida assim. O intestino tem, entre outras funções, a capacidade de seleccionar o que deve e o que não deve ser absorvido. Essa selecção na prática ocorre nas vilosidades intestinais, que com frequência são lesadas por várias medicações (como anticoncepcionais, anti-inflamatórios, corticóides e antibióticos administrados por longos períodos de tempo), além do tipo de alimento modificado que ingerimos comummente.
Como resultado, ocorre um aumento da permeabilidade das vilosidades intestinais que permite a passagem de toxinas fabricadas por parte das bactérias que habitam no nosso intestino. Esse aumento de permeabilidade também permite a passagem de metais pesados e de partículas alimentares em tamanho irregular, sendo que muitas delas têm o potencial de se fixar no cérebro e alterar seu funcionamento.
Além disso, ocorre uma alteração no equilíbrio entre as bactérias "boas" (que entre outras qualidades fabricam vitaminas do complexo B e a vitamina K), que passam a perder terreno para bactérias nocivas. As consequências dessa mudança na flora intestinal são muitas, mas para dar um exemplo interessante, considere que algumas bactérias nocivas se alimentam de açúcar, e têm como estratégia de sobrevivência inibir a serotonina do cérebro. Assim, ela consegue mudar nossas emoções no sentido de que passamos a ingerir mais açúcar, o alimento que ela tanto deseja.
O diagnóstico é realizado com exames laboratoriais, e a correcção com mudança dos hábitos alimentares, além de antioxidantes que agem nas paredes do intestino e ingestão de bactérias "boas" para competir com as nocivas.
- Correcção do estado inflamatório –
Não importa se um acontecimento stressante tiver origem psicológica ou física. Qualquer que seja a origem, as mesmas reações químicas acontecem no organismo. Essas reacções têm em comum um estado inflamatório inespecífico, que na verdade é uma tentativa bastante primitiva do organismo restringir os danos. Como o maior risco dos nossos ancestrais era o do contágio por micróbios, nosso organismo ainda reage da mesma maneira que foi tão útil aos nossos antepassados: ele promove uma reacção inflamatória, o que inclui um conjunto de alterações que tem por objectivo reduzir a quantidade de nutrientes que os microrganismos necessitam.
Se o estresse for persistente, esse estado inflamatório se mantém, o que aumenta as possibilidades da pessoa desenvolver doenças do coração, já que essa inflamação inespecífica facilita o desenvolvimento da aterosclerose e do fechamento das artérias do coração.
-Mudança nos hábitos de vida –
Inclui incentivo e orientação para actividade física, hábitos regulares de sono, alimentação balanceada, meditação, técnicas de relaxamento, entre outras medidas.
O princípio é buscar e facilitar o retorno a um estado de equilíbrio. Quando estamos em equilíbrio, nossos órgãos e sistemas funcionam de maneira harmónica e integrada. Esse estado de equilíbrio permite que nossos sistemas de defesa encarem de maneira satisfatória os inúmeros agressores que enfrentamos, como por exemplo, organismos capazes de provocar doenças (as bactérias, fungos e vírus), contaminantes químicos (como a poluição do ar, agrotóxicos e vários minerais pesados presentes na água e nos alimentos) e toda a sorte de pressões e emoções do dia-a-dia que infernizam nossas vidas.
Quando estamos equilibrados, não somos prisioneiros das emoções tóxicas, temos a liberdade potencial para determinar o nosso destino. Em estado de equilíbrio não precisamos reagir automaticamente a tudo que se passa, podemos agir com calma e determinação, aumentando nossas possibilidades tanto de influenciar o meio exterior quanto de encontrar um estado de paz interior.
- Apoio Social –
A história do apoio social e dos seus conceitos poderá considerar-se
relativamente recente, embora envolva dois períodos distintos. O primeiro que decorre desde o início do século até finais dos anos 60, inclui contribuições tão distintas como os estudos realizados no âmbito da Psicologia e Sociologia por um lado e, posteriormente, nas origens do movimento comunitário.
Os sociólogos começaram a mostrar interesse pelas consequências sociais da urbanização e industrialização, tendo-se concluído através dos tempos que as sociedades urbanas, fruto do desenvolvimento económico, debilitam os laços sociais.
Para Bulmer originando fenómenos de solidão, alheamento e desenraizamento. (1987), as relações próximas características dos meios rurais rompem-se dando lugar às relações impessoais, especializadas e formais nas zonas urbanas.
Segundo Vaux (1988), já Durkheim referia, num dos primeiros trabalhos da sociologia moderna, como o enfraquecimento dos laços sociais e o estado de desorganização psicológica consequente se relacionava com o suicídio.
Também Barrón (1996) refere que, desde os finais dos anos 60, se tem
verificado um crescente reconhecimento da influência dos sistemas sociais na conduta humana, tanto na saúde como na doença.
O segundo período situa-se a partir da década 70. O apoio social constitui um quadro teórico mais integrado e consciente, devido à proliferação de numerosas investigações capazes de sustentar diferentes abordagens.
Cassel (1974), Caplan (1974) e Cobb (1976) considerados os fundadores das investigações sobre apoio social, abriram caminho ao desenvolvimento e conceptualização do apoio social e delinearam os pressupostos que levam a acreditar que o apoio social fornecido pelas relações sociais contribui para o bem estar do indivíduo, amortecendo o efeito que as situações adversas geralmente provocam, (Vaux, 1988; Barrón, 1996; Paixão & Oliveira, 1996).
Nas décadas de 80 e 90 surgiram na literatura diversos artigos sobre o apoio social e as redes sociais, revelando-se esta área de investigação ser bastante prometedora, mas polémica, nomeadamente no que refere à sua conceptualização e avaliação.
Actualmente o tema do apoio social suscita o interesse de diferentes áreas de investigação das ciências sociais e humanas, sendo um dos principais objectos de estudo da Psicologia da Saúde, Ribeiro (1999); Paixão e Oliveira (1996).

A multidimensionalidade e complexidade do tema apoio social justificam os diferentes níveis de análise em que o mesmo tem sido abordado.
Optámos por analisar este conceito segundo uma revisão realizada por Bárron (1996), em que as várias abordagens teóricas são comparadas. Segundo Almeida (2000), o conceito de apoio social tem sido abordado segundo três vertentes: o nível de análise, as dimensões e as perspectivas.

Níveis de análise –
Os níveis de análise correspondem a uma hierarquia no sentido de um aumento de complexidade, que vai do nível mais simples das relações íntimas, ao nível mais complexo, o nível comunitário, numa perspectiva de abrangência crescente.
Quanto aos níveis de análise, o primeiro nível, o comunitário, refere-se ao apoio social analisado enquanto processo de integração social, sendo o apoio social analisado com base num dado papel e num dado contexto social. O segundo nível, diz respeito às redes sociais, estudando-se as propriedades das redes sociais de apoio, como o tamanho, a densidade e a homogeneidade. O terceiro nível, o das relações íntimas, inclui transacções que ocorrem nas relações mais próximas que estão mais directamente ligadas ao bem-estar e à saúde, esperando-se destas intercâmbios recíprocos e mútuos.

Dimensões –
A revisão da literatura sobre o apoio social pode apresentar uma terminologia tão diversificada quanto: suporte instrumental e emocional, feedback, aconselhamento, interacção positiva, orientação, confiança, socialização, sentimento de pertença, informação, assistência material e outros.
A diversidade de conceitos, dificulta a aceitação duma definição coerente e universal de apoio social. Grosso modo, poderá definir-se segundo Sarason et al. (1983) cit in Ribeiro (1999), como a existência ou disponibilidade de pessoas em quem se pode confiar, pessoas que nos mostram que se preocupam connosco, nos valorizam e gostam de nós.
Numa tentativa de definição de apoio social, Thoits (1985) cit in Bárron (1996) mencionou que este geralmente consiste no grau em que as necessidades sociais básicas de indivíduo (de afiliação, afecto, pertença, aceitação e estima de outros significativos) ou de ajuda em relação à família ou ao trabalho e ajuda económica.
Sarason et al. (1990) salientam a polémica existente entre o apoio social
percebido e o apoio social recebido ou real. O apoio social percebido é conceptualizado em termos cognitivos em que o indivíduo tem a percepção de que é amado, de que tem pessoas a quem recorrer em caso de necessidade e que lhes dariam ajuda.
A definição de apoio social percebido, segundo Sarason et al. (1990), é
estudada como variável da personalidade, sendo estável ao longo do tempo e tendo a sua origem nas experiências de apego. Estes autores distinguem o apoio social fornecido do recebido, salientando a existência de alguns estudos, que encontram uma concordância moderada entre estes dois tipos.
No entanto, Gibson e Brown (1992) alertam que, para que possa ser encarada a hipótese de o apoio social ser visto como um constructo da personalidade, é necessário aprofundar a investigação e a intervenção nas transições de vida.
Lin et al. (1986), apresentam uma definição de apoio social que integra
diferentes níveis de análise atrás referidos, definindo o apoio social como as ajudas instrumentais e/ou expressivas, reais ou percebidas, fornecidas pela comunidade, redes sociais e amigos íntimos. Esta definição engloba as várias dimensões de apoio social e as funções atrás referenciadas.
Também Vaux (1988) conceptualiza o apoio social como um metaconstructo, constituído por três elementos conceptuais, que se relacionam num processo dinâmico de transacções entre o sujeito e o ambiente: os recursos da rede de apoio, as condutas de apoio (material e emocional) e as avaliações de apoio (valorizações subjectivas dos
recursos da rede e das condutas). Este autor salienta factores pessoais (traços de personalidade, recursos pessoais e competências) e factores de contexto social (stressores, família, papéis sociais e comunidade), em que estes factores se relacionam entre si, influenciando os recursos da rede, as condutas de apoio e as avaliações. Desta forma, Vaux, propõe um modelo ecológico de apoio social.
Quanto aos modelos teóricos de apoio social, uma das taxonomias mais
conhecidas é a de Cohen (1988) cit in Barrón (1996), na qual classifica os modelos de apoio social com base nos efeitos deste na saúde e na doença, segundo três categorias:
♣ Modelos genéricos: baseiam-se na conceptualização de que o apoio social se relaciona com diferentes doenças, influenciando-as de duas formas:
- Por um lado através de padrões de comportamento, como a dieta, o álcool e o tabaco, que podem agravar o risco de sofrer de doenças. Por outro lado, através de acção nas respostas biológicas que incidem nestes transtornos (resposta neuro-endócrina, imunológica e hemodinâmica);
♣ Modelos centrados no stress: assume-se que o apoio social se relaciona
com os diferentes transtornos, através de processos biológicos e ou
comportamentais. Hipotetizam-se dois tipos de efeitos, directos ou
protectores;
♣ Modelos de processo psicossocial: estes modelos que descrevem a
natureza da mediação psicossocial da relação do apoio social com a saúde.
Especificam os processos biológicos implicados nessa relação e avaliam
separadamente, os efeitos directos e os efeitos protectores ou amortizadores.
Perspectivas –
Quanto às perspectivas de estudo do apoio social, estas são essencialmente três:
- A perspectiva estrutural, a perspectiva funcional e a perspectiva contextual.
Relativamente à perspectiva estrutural, esta debruça-se sobre a análise dos aspectos estruturais, dos contactos sociais e das redes sociais. O apoio social é conceptualizado com base na existência, quantidade e propriedade das relações sociais que as pessoas mantêm. Pressupõe-se que ter relações sociais é equivalente a obter apoio das mesmas. Estudam-se então várias características das redes sociais:
♣ O tamanho da rede (número de sujeitos com quem o indivíduo mantém um contacto pessoal);
♣ A densidade da rede (a interconexão entre as pessoas que fazem parte da rede);
♣ A reciprocidade (o equilíbrio do intercâmbio na relação entre duas
pessoas);
♣ A homogeneidade (a semelhança entre os membros da rede em relação a uma determinada dimensão).
Quanto à perspectiva contextual estudam-se os contextos ambientais e sociaisem que o apoio é percebido, mobilizado ou recebido (Cohen & Syme, 1985).
Analisam-se os seguintes aspectos contextuais:
♣ As características dos participantes (em função de uma determinada fonte de apoio);
♣ O momento em que se dá o apoio;
♣ A duração do poio prestado;
♣ A finalidade do apoio.
A perspectiva funcional salienta a análise das funções das relações sociais, enfatizando os aspectos qualitativos de apoio e dos sistemas informais de apoio.
Distinguem os recursos que se trocam nas transacções das funções que o apoio cumpre. Quanto às funções são propostos três tipos (House, 1981; Vaux, 1988; Oxford, 1992; Gelenglass, 1993):

- Apoio emocional: refere-se aos comportamentos que fomentam
sentimentos de bem-estar afectivo e que fazem com que o sujeito se sinta
querido, amado e respeitado, sentindo que tem pessoas à sua volta que lhes proporcionam carinho e segurança. Trata-se de expressões e de
demonstrações de amor, afecto, carinho, simpatia, estima, ou de pertença a um grupo;

- Apoio instrumental: é definido como as acções ou os materiais
proporcionados por outros e que servem para resolver problemas práticos e/ou facilitarem a realização de tarefas quotidianas. Este tipo de apoio só é efectivo quando quem o recebe percebe a ajuda apropriada;

- Apoio informacional: define-se como o processo através do qual as
pessoas recebem a informação e conselhos que as ajudam a compreender o seu mundo e as mudanças que ocorrem. Por vezes este tipo de apoio pode confundir-se com o apoio emocional.
Esta categorização é alvo de discórdia, havendo quem inclua o apoio
informacional na categoria de apoio emocional e quem acrescente a função de socialização (Oxford, 1992).
Da revisão teórica sobre o apoio social, e de acordo com Matos e Ferreira (2000), podemos inferir que:

- Nesta área de investigação, os autores têm salientado as dimensões
positivas do apoio social, mas há um crescente corpo de literatura que
aponta os aspectos negativos das relações sociais, em que os autores se
interessam pelo estudo de factores de vulnerabilidade, mas também por
temas como os factores de resiliência e o apoio social;

- O papel do apoio social percebido é enfatizado, referindo-se a importância dos aspectos cognitivos e interpessoais, dentro do paradigma cognitivo da Psicologia contemporânea.
Nesta perspectiva, as percepções que os indivíduos têm do apoio social e da
sua disponibilidade dependem de variáveis situacionais (o que acontece nas transacções sociais), mas também de aspectos da sua própria personalidade (p. ex. capacidade do indivíduo para comunicar as suas necessidades e para pedir auxílio às redes sociais) e de estilos cognitivos.
- Avaliação do apoio social:
As medidas de apoio social são elaboradas com base em determinadas
perspectivas e teorias subjacentes, podendo incidir sobre uma única vertente, a estrutural ou a funcional ou então revestir uma forma mista.
Na primeira categoria, a estrutural, incluem-se os instrumentos que se centram nos aspectos quantitativos do apoio, numa avaliação que prima pela objectividade fornecendo um índice objectivo e directo da disponibilidade do apoio. Estes instrumentos referem-se à existência de pessoas com quem o indivíduo tem ligações pessoais directas e às pessoas que, através de laços significativos, fornecem apoio.
Com as medidas estruturais pode avaliar-se a integração social, sendo esta
operacionalizada, segundo Krause (1989), cit in Barrón (1996), através de indicadores sociodemográficos (estado civil e número de amigos), através de relações íntimas e através da análise da rede (número de elementos), componentes da rede (relação, tamanho e densidade da rede) e à durabilidade, frequência e intensidade do contacto.
Como exemplos de instrumentos de avaliação dos aspectos estruturais do apoio social, Vaux (1988) e Barrón (1996) enumeram o SNI - Social Network Índex (Berkman & Syme, 1979), o UCLA Loneliness Scale (Schill e cols., 1981) e o SNQ - Social Network Questionnaire (Hirsch, 1979).
Na segunda categoria incluem-se as medidas funcionais que procuram chegar a índices qualitativos do apoio social, avaliando-se a satisfação do apoio recebido, o grau de felicidade em determinada relação. Estes métodos são caracterizados por alguma subjectividade.
Dentro destas medidas distinguem-se dois tipos: as que medem o apoio social recebido e as que medem o apoio social percebido. As primeiras avaliam a quantidade de ajuda que um sujeito realmente recebeu de outras pessoas, num período de tempo determinado (que pode ir de um mês a um ano). Estes índices obtêm-se perguntando-se aos sujeitos que acontecimentos de vida stressantes experimentaram e que tipo de apoio
receberam durante o mesmo período. A informação acerca do apoio dado pelos outros é obtido através do auto-relato de quem recebe este apoio. Refere-se assim à percepção dos acontecimentos do passado mais do que à percepção de que o apoio está disponível se necessário (Sarason, et al., 1990). Mas alguns problemas têm sido apontados relativamente a estas medidas e tecnologia:
- Falta de acordo entre quem dá e quem recebe o apoio;
- Baseiam-se na recordação;
- Comportamento de apoio de quem recebe é função não só de quem está
disponível para dar apoio, mas também das percepções dos outros em
relação à necessidade do indivíduo de ajuda e de apoio.
Quanto às medidas de apoio social percebido, baseiam-se na disponibilidade percebida de alguém em caso de necessidade, ou seja, o que um indivíduo acredita sobre a sua rede social é provável que seja um determinante importante do seu estado psicológico, independentemente da condição real do sujeito, (Barrón, 1996). Desta
forma o apoio social deve ser percebido que seja efectivo, sendo que para perceber o apoio social como disponível, é um redutor potente de stress mais do que o apoio realmente recebido.
Como exemplo de questionários centrados nos aspectos funcionais do apoio social, Barrón (1996) cita o Arizona Social Support Interview Schedule (Barrón, 1981) o Instrumental-Expressive Support Scale (Lin et al., 1986) o Interpersonal Support Evaluation List (Cohen e Hoberman, 1983) e o Social Support Questionnaire (Sarason et al., 1983).
Entre as medidas que avaliam tanto os aspectos estruturais como funcionais do apoio social encontrámos o Interview Schedule for Social Interaction (Henderson et al., 1980) o Social Relationship Scale (McFarlane et al., 1981) e o Inventário de Recursos socias (Diaz Veiga, 1987).
Sobre este assunto Antunes e Fontaine (1994) referem que Vaux (1988)
desenvolveu um conjunto de quatro instrumentos que na totalidade tentam avaliar o apoio social de uma forma o mais completa possível: o SSA (Social Support Appraisals), O SSB (Social Support Behaviors) o NOS (Network Orientation Scale) e o SSR (Social Support Resources). O SSA foi seleccionado como instrumento de eleição para a avaliação do apoio social devido à coerência do modelo teórico que lhe subjaz, o
modelo transaccional-ecológico do apoio social, (Vaux, 1988).
























Conclusão:

Em 1985, o Departamento de Prevenção do Instituto da Saúde Mental dos Estados Unidos da América chegou à conclusão de que a forma física está associada à Saúde e bem-estar Social. A actividade física prolongada e adequada melhora alguns componentes de Stress (tensão, pulso basal e função hormonal). A opinião clínica mais difundida defende que o exercício possui um efeito positivo nas emoções em ambos os sexos e em todas as idades.
É de salientar que a prática regular do Yoga, por promover uma Homeostase psicofísica é fundamental no combate à prevenção do Stress.
Também a Meditação, sendo um método pelo qual se inibe os sentidos e se aperfeiçoa a concentração e, conforme defende Feuerstein (1998) a mesma é a contenção da mente num estado de imobilidade e o direccionamento da atenção para um determinado suporte. Salienta-se que a capacidade de concentração melhora os hábitos comportamentais relacionados com o Stress , distúrbios alimentares, hipertensão arterial e hiperactividade mental( Battison, 1998).
























Bibliografia:

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